30 outubro 2008

Para você

Quando se joga bola desde pequeno, aprende-se a ganhar e perder. Por vezes até empatar. Desde cedo, você sabe que não vencer é parte do jogo, por mais chato de doloroso que pareça.

Passa um tempo e a vida fica parecida com o jogo de bola da pré-escola. Em quase tudo, temos que vencer ou seremos derrotados. E os empates passam a ser artigos raros, quase que um sonho de criança, onde todos saem felizes, ou pelo menos não tristes.

Cada derrota deixa uma lição e principalmente um vencedor que tem algo a mais que nós. Nos serve de estímulo para sermos melhores e tentarmos estar mais fortes para a batalha seguinte.

Perdi para muita gente boa e nunca consegui, por mais que tentasse, chegar perto da qualidade dos vencedores. Mas perdi para muitos piores que eu, quando não me preparei ou não me concentrei completamente.

De todos meus adversários, um eu nunca conseguir combater: o medo. Por vezes ele estava em mim, em outras tantas estava justamente do outro lado. Quando era eu que tinha tal sentimento guardado era até mais fácil. Brigava, lutava e conseguia passar..

Mas quando é em você.... Não é só mais doloroso, é mais difícil. Fico refém de algo que não deixa lutar. Uma coisa que me amarra sem cordas ou algemas, que me deixa sem saber em qual direção devo seguir.

Talvez seja hora de deixar que a vida me mostre o melhor caminho. Tempo de parar e esperar ver no que a vida dá.

Ou não. Pode ser a oportunidade de lutar ..

O que machuca mesmo é não saber a resposta

29 agosto 2008

Menina

Certa vez toca o telefone. Como boa parte dos dias, estava em viagem. Sozinho no quarto, o nome escrito na tela do celular não engana. Aquelas letras juntas formam uma palavra conhecida há anos, mais de uma década, certamente.

A voz do outro lado da linha é a mesma. O rosto que vem a memória também é aquele que o tempo não consegue apagar da cabeça. A história é quase secreta. Pouca gente sabe. Talvez só os dois envolvidos no caso.

Lembra de uma promessa antiga. Na verdade, ela nem termina de falar e ele responde. Diz saber do que se trata. E que o trato, garante, estará de pé. Que os anos entre o acordo e os dias atuais não fizeram com que o pacto fosse esquecido.

Deixado de lado durante anos, eles parecem saber do que falam. Não era conversa criança. Afinal eles passaram há um bom tempo da adolescência e não esqueceram aquele assunto, nem daquele sentimento, daquele carinho.

O tempo é curto. Também foi da última que vez que se aproximaram. Como daquela vez, a decisão de um dos lados está tomada. O outro torce para a sorte e felicidade dela, mas no fundo sofre um pouco. Talvez quisesse que algo desse errado. Ou sonha ter um cavalo branco para impedir tudo aquilo, como em um filme.

A conversa não é rápida. Repleta de histórias e lembranças, algumas lamentações destoam das risadas que sempre marcaram o relacionamento. O riso que nem a distância não apagou. Muito pelo contrário. Quanto mais longe, a saudade faz com cada conversa entre eles seja quase uma festa.

Nostalgia. Carinho. Respeito. Promessa. Risada.

E quem sabe um dia essa linha paralela quebre a regra matemática. Se cruze. E complete aquilo que eles por vezes acham ser o destino de ambos.

25 julho 2008

O chato

Nessas viagens de cá pra lá vivo coisas que pouca gente acredita. Comida, lugares, pessoas … tudo enfim tem sua particularidade. Outro dia eu me tornei refém. Não, nenhum bandido me sequestrou ou coisa do gênero.
Fui refém de um chato.
Começou na quarta. Estava em conexão. Saído do Nordeste e com destino ao Sul, parei para fazer baldiação em Cumbica. Meu telefone tocou e o visor dava conta de um número começado com 41. Normal, as pessoas de Curitiba estavam mesmo a nossa espera.
Mal sabia eu que ali começaria a tortura.
Do outro lado estava Jeferson. Falando palavras sem respirar. Uma atrás da outra, como se fosse um feirante com banca cheia e perto do meio-dia. Queria o que a maioria das pessoas me pedem. E que eu, raramente, posso atender.
Deveria ter cortado de cara. Mas minha difilcudade em dizer não, impediu. Informei sobre a dificuldade do pedido e disse que tentaria ver com meus superiores.
Ao chegar na capital paranaense, meu celular chama. E já era quase meia-noite. Era ele de novo. Mais desesperado ainda. Queria saber se eu tinha conseguido. Pô, eu nem tinha tentado ainda.
A saga continuou no dia seguinte. Meu fone tocava e era sempre ele. Eu dizia que só saberia a tarde. Mas ele ligou umas seis vezes pela manhã para ter certeza se seria mesmo SÓ A TARDE.
Quando cai a noite, ele vem ao hotel. E volta a me ligar. Eu já não atendo mais. Ele consegue falar com um amigo meu. Diz que me deixou um presente na recpção e que está a minha espera.
Deitado na cama no quarto. Digo ao meu amigo que estou jantando for a e que não consegui o que ele queria. Terminei explicando que não posso aceitar o presente.
Nada adianta. Nos dias que se seguem são mais inúmeras chamadas. E passo a sair do hotel sem passar pela recpeção. Vou sempre pela garagem. O fone do quarto chama e eu nem dou bola. No meu celular só falo com os números que conheço.
Tudo por causa de um chato.

10 junho 2008

Nem que seja numa caixa de sentimentos

Começar o dia sem poder planejar o fim. O compromisso das oito é para acertar o evento marcado para a tarde. O telefone toca as 7:50, não era despertador. Era trabalho. No café frutas e suco, faz parte dessa dieta maluca que criei e que tem me mantido bem.
Passeio na praia em frente ao mar. Passear? Não, pensar e imaginar uma solução bacana, que funcione para ambos os lados. O Gugu liga. Caramba lá se foi uma semana que eu não vi meu irmão.
O local me agrada. Plano feito, acertado e arresta aparada. Hora da leitura. Não dessa vez não vai ser o livro do mago, que me fez companhia durante as cinco horas de vôo. Quero hard-news, as últimas manter-me informado. Tão importante quanto as frutas do regime.
O meio dia chega tão rápido que me dá medo pensar que sobra uma metade das 24 horas. Salada e carne. Ando meio de mal com arros e feijão. Alias não sou mais aquele grande amigo da cozinha. O fogão então, coitado, perdeu um aliado há pouco mais de um ano.
Labuta. O plano vai bem. Dentro do imaginado. Está quase tudo pronto e resolvido. Pelo menos eu espero.
Telefone toca. É de São Paulo. Nossa, vai dar zica. Meu descanso está por um triz. Por um fio daqueles bem finos. Cassilda, ele subiu no telhado. Foi fazer companhia à dupla Cazuza e Sena.
Cinqüenta minutos de carro. Nada de paisagens de cartão postal. Ruas normais, como aquelas que vejo todo dia. Chego a pensar que Guarulhos veio até aqui comigo. Escuro, murro sujo, rua estranha. Nada de pria.
Confusão. Mais uma boa pegada de trabalho.
Hora de voltar, é tarde. Quase uma hora de estrada. O telefone ficou sem bateria. A salada do almoço segue heróica e solitária missão de manter-me são. Vou de lanche. Com batata frita. Isso não faz parte da dieta.
Fujo da conversa pós. Vou à máquina. Encontro amigos. Falo de mim. De medo e preocupação com o parceiro dos tempos de faculdade. Encontro a companhia mais comum dos últimos tempos. Falamos juntos. Dor dela, encanto meu.
Hora de parar. Amanhã? Ainda não sei. Pro final da semana, a vontade de ver as crianças e amigos. O compromisso de cuidar da tristeza dele. Tem a prima querida. O namorado dela. Tem trabalho. Vai ter caber tudo isso. Nem que seja numa caixa de sentimentos.

16 maio 2008

Nove dias fora

Fazer as malas. Juntar um pouco de roupa, colocar o livro na bolsa. Não esquecer do computador. Levar a máquina fotográfica, quando der. Respirar fundo. Beijar meus pais. Ligar pros irmãos e sobrinhos. Dar um alô pros amigos.

Partir. Viver hora longe e outra perto tem vantagens e dores. Conhecer lugares, sabores, sotaques e sorrisos. Mas sente falta de casa, do sorriso e do abraço dela, do papo com os amigos. Sem domingo livre, saudade do futebol de sábado e do vinho do meio da semana.

Falta tempo pras crianças. O afilhado tem um ano e pouco, em breve vai começar a falar e talvez demore para associar a palavra padrinho à minha figura.

O visual da praia do futuro paga uma parte da conta. O peixe assado na chapa também ajuda com algum trocado. As emoções vividas e conhecidas na estrada me dão a certeza de que não precisarei pedir fiado. Talvez não seja tão duro.

Nove dias diretos?? Tinha dois aniversários, pai e filho. Amigos queridos. Vai ser parabéns por telefone. Eles entendem. Casa cheia não é sinal de amizade. Aprendi bem.

Brasía, Rio de Janeiro e Natal. O pé na estrada. A cabeça em tantas coisas. O coração tranquilo e sereno. Uma chance de ouro. A coragem, a satisfação e a realização de um sonho. O Pier é lindo. A Lagoa é linda. A capital me pareceu charmosa.... vale a pena...

12 abril 2008

Promessas de Um Idiota Às Seis da Manhã

Momento que aponta e revela
a cor da poesia
Ainda resta um pedaço da noite

Teimosa empurrando a barra do dia
Já se ouve os primeiros pardais
afinando a orquestra

É o início do dia de dor e de festa
Retrato inverso da Ave Maria
E eu prometo aderir ao sistema

Olhar a vitrine, o cartaz do cinema
Trocar minhas rugas de preocupações
pelo céu de Ipanema

Prometo viver a intenção do passado
Manter este corpo faceiro ao meu lado
O ar de menina sapeca e levada
do cabelo molhado

Falta pouco pra seis horas da manhã
É gente correndo atrás do destino e da compensação
Daqui a pouco são seis horas da manhã

Cada um no seu canto
vivendo do canto,
do acordo e do não

E eu prometo aviar a receita
do bolo da sorte, da boa colheita

Matar a angústia dessa juventude
Tão insatisfeita
Prometo trilhar o caminho mais certo

Cidadão comportado
ordeiro e correto
Dividir minha cama com a mulher amada
no momento deserto
Falta pouco...

16 março 2008

OIIIIIIII TIO GI QUERI TANTO TE VER MAS NAO DA

Certas coisas não se pagam. Quando tenho dúvidas sobre meus acertos e meus erros, pequenas situações me mostram qual caminho seguir.

Sempre gostei de criança. Adoro brincar, me fazer de bobo.. dar risada, beijar, paparicar.. Muitas passaram na minha vida. Pensei em ser pai. Cheguei a cogitar adotar uma menina linda que conheci no orfanato.

Mas foi com os filhos dos meus amigos que mais me diverti.
Acontece que um desses amigos tinha duas filhas (hoje tem três) a Rafa e a Bia. Ambas lindas e cada uma com sua personalidade. Uma mais corajosa, outra cheia de medo.. as duas bem carinhosas... e eu babando

Como perdi o contato com o pai delas no os últimos tempos, fiquei um longo período sem saber
delas. Até que encontrei com o progenitor, a toa. Num bar, sem querer.. Perguntei das meninas.

Ele disse na hora

- Sempre perguntam de você

Duvidei

No dia seguinte a Bia me adicionou para ser amigo dela no orkut. Achei uma graça, ela é bem pequena, deve ter uns sete anos.. Escrevi.. disse ter saudade, contei que mandei um beijo pelo pai dela..

Dias depois veio a resposta

bia:
OIIIIIIII TIO GI QUERI TANTO TE VER MAS NAO DA

Assim meu coraçãozinho não guenta

Reencontro, doze anos depois

Doze anos depois, o pessoal do colégio resolveu se reencontrar. Estudamos juntos até o final de 1996. Quando nos formamos, cada um seguiu seu caminho. Os mais próximos mantiveram contato, como aconteceu entre mim, o Du e o Gustavinho, só para citar um exemplo.
Acontece que as meninas também seguiram com laços de amizade, mesmo passado um duzia de primaveras ( e de todas as outras estações, é claro). E foram elas, que tiveram a idéia de reunir uma parta do pessoal novamente.
De cara, o local não me agradava. Não terminei a escola em clima amistoso com a Mariana, dona da casa. A mãe dela era nossa professora e por isso não era minha grande fã..... Tá bom.... Confesso não ter sido um grande aluno.
Fui com o Gu e a Miss e logo na chegada vi que a coisa era seria bacana. Dei de cara com duas meninas que não lembrei o nome. Logo que entrei encontrei com outras duas pessoas que não lembravam o meu.
Nada que cinco minutos de conversa não resolva. Matamos parte da saudade, ou não. Acho que fizemos ela bater mais forte. Lembranças de um tempo mais solto. Sem a responsabilidade, sem os compromissos de hoje.
A bagunça na aula. O terror que eu e o Gustavinho aprontavámos. O teatro ao lado do Du e da Mariana. As paqueras. As viagens. As provas.... poxa, vivemos um tempo único. Quando a escola era um prazer, mesmo que a aula fosse um saco.
Era lá que a gente namorava, que a gente dançava, que conhecia arte e que acima de tudo fazíamos amigos. Sorte nossa ainda hoje, doze anos depois, levar parte dessa história.

03 março 2008

Sem assunto

Como é de praxe, abri meu email logo nas primeiras horas da manhã. Entre muitos, um se destacava. Vinha de um grande e distante amigo. Ele me escreve da Arábia, onde vive com o filho pequeno e a esposa há poucos meses.
O email não tinha assunto. É comum ele mandar email sem título. Por isso é sempre suspresa o que ele tem a dizer ou contar. Só que, dessa vez, para minha tristeza eram poucas e tristes palavras dele..
- Gui, meu pai faleceu ontem... era só isso que tinha o email
Pensei em um monte de coisas. Imaginei dizer outras tantas. Escrevi a primeira linha da minha respostas umas dez vezes... Tem horas complicadas na nossa vida e essa é uma delas. Queria confortar, mas é complicado..
Respondi assim
Meu irmão... sem palavras... eu imagino o tamanho da sua angústia por estar longe nessa hora...
Vou rezar muito por ele, para que ele descanse e esteja ao lado de Deus..
E rezar tb para que ele a partir de agora seja um anjo, cuidando de vc lá do céu....
Um beijo grande
Gui

29 fevereiro 2008

Sabado parte 2, o resgate

O “Day After” do primeiro dia de carnaval não era mole. Como o Gu estava em estado etílico alterado, achei por bem que ele dormisse em casa. De fato, algo mais prudente do que ele dirigir até a casa dele, que fica a poucos quilomêtros da minha.
Só que eu teria que trabalhar no dia seguinte. Acordei as onze da manhã, teria que estar dali uma hora no centro de São Paulo. Tentei despertar meu amigo. Em vão. Ele nem percebia que eu o chamava e seguiu lá, capotado.
Fui trabalhar, almocei no serviço. De lá pro estádio. Na numerada encontrei com o Digão, o Demétrius e o Rogério. Três grandes amigos, tinha combinado de assitir ao jogo com eles. Logo que viu minha cara, o Digão disse..
- Caramba (na verdade ele disse caralho), velho. Onde você passou a noite, tá com uma puta cara de acabado...
Nisso, toca meu telefone. Era o Gustavinho. Acabara de acordar, às 16 horas, ainda na minha casa...
- O Mano, que baguio foi aquele... Que será que tinha dentro do chope...
Risadas.. muitas
Voltei para casa querendo dormir.. Detonado..... Me liga uma amiga... me parece triste... carente.. me convida para ir ao cinema.. eu topo... peço meia hora para dormir... ela aceita..
32 minutos depois, ela liga de novo. Como combinamos, para me acordar. ..
Levanto.. mal de sono. Pego o carro e vou à Vila Mariana.. Não conhecia o shoping que ela escolheu... nunca tinha ouvido falar no filme... só pedi para que não fosse muito parado, eu preciso de agito para me manter acordado...
Tive sorte. Vimos “Onde os fracos não têm vez”... que dias depois ganhou o Oscar de melhor filme, pela Academia de Cinema...
Saí do cinema mais cansado ainda.. porém contente.. a companhia é boa, o filme também, apesar de ser meio confuso..
Era de dormir... ainda tinha o domingo, queria ir para São Luís do Paraitinga... sabia que algo bacana me levaria até lá;;;

23 fevereiro 2008

Sábado de carnaval

Chegamos no sambodro depois da meia-noite. Já era portanto o sábado de carnaval....
Estar com Gustavinho já é quase uma festa. O bicho nasceu maluco. Topa qualquer parada. Nesse dia, inclusive, ele tinha combinado de ir para a praia com uma amiga dele, que por sinal é minha amiga também.
E ele topou ir ao carnaval sem se quer avisar a menina. Por isso, o celular dele gritava mais que a bateria da Vila Maria. Tocava a cada dois minutos. Reolvi atender
- Oi gu.. disse ela do outro lado da linha
- É o gui... respondi
- Oi Gui, meu amor. Você está com o Gu... perguntou ela
- Miss, estou. Estamos no valório da Mãe do Duzão.... respondi com um barulho de bateria de escola de samba ao fundo.
- Você pensa que sou trouxa... retrucou
Passei o fone pro Gu, que sempre inteligente saiu com essa
- Estamos na sala do caixão, não dá para falar agora....
O carnaval seguiu. No camarote, era tudo a vontade. Mas a gente gosta mesmo é de povão. Iámos lá só para comer e beber, o desfile mesmo a gente achou melhor acompanhar na arquibancada. Sabia escolha
Nunca tomei tanto na vida. Descobri que cerveja é ruim, mas depois do terceiro copo tomo até oléo de fígado de bacalhau..
Das escolas eu não lembro muito. Mas da festa eu não vou esquecer. O gu ficou mal. Dormiu na calçada. Caiu num isopor de cerveja... E voltou a dormir na garupa da moto.
Sambamos. Conhecemos gente divertida, das quais não me lembro o nome. Rimos, como é de praxe. E vimos que doze anos depois de Porto Seguro, ainda somos uma dupla afiada.

Sexta de carnaval

Seria meu primeiro carnaval solteiro. Depois de uns sete compromissado, queria fazer coisas que por razões de não concordância dupla, não tive oportunidade de fazer. Minha primeira idéia era desfilar por alguma escola de samba de São Paulo.
Pensei em sair na Rosas de Ouro. Fui a vários ensaios. Sabia a letra do samba e tudo mais. Mas era caro, não valia a pena. Pintou a chance de desfilar na Gaviões, mas comi bola e perdi a fantasia que seria de graça. Por fim, uma amiga convidou para entrar na avenida com a Vai-Vai, mas também furou.
Sobrou uma chance de chance de ir ao camarote. O pessoal do trabalho estava cheio de esperança de que conseguiríamos umas entradas para todo mundo. Mas como minha sorte não andava boa, tinha mais gente que convite e fui barrado no baile.
Porém, às da noite da sexta me liga o Sidney (que trabalha comigo). Diz que ela não iria mais ao camarote. E que tinha dois ingressos sobrando para o Sambodromo. O problema é que o desfile começaria em meia hora.
Topei na hora. Tinha até uma amiga para levar. Mas minha escolha foi certeira. Liguei para o Gustavinho, amigo dos tempos de colégio, e ele topou na hora. Peguei a moto, encontrei com ele num bar no perto de casa. Guardamos o carro dele e fomos.
A aventura começa justamente aí. Não sou grande pilto de moto. Nunca tinha andado com alguém na garupa. E o trânsito perto do Anhembi estava uma coisa medonha. Tipo saída para feriado prolongado.
Com o Gu morrendo de medo e errando o caminho, conseguimos enfim um lugar para estocionar a moto. Os R$ 15,00 que paguei no estacionamento não era nada, já que o ingresso mesmo era de graça, na faixa.
O duro foi o tanto que a gente teve que andar entre o estacionamento e o camarote. Deixamos a moto no Campo de Marte, perto da Bras Leme. E nosso lugar na avenida era perto do final do sambodromo. Andamos da Ponte das Bandeiras até quase a outra, que não me lembro o nome...

Menino não tem medo

Tem coisas que fazem parte do nosso dia a dia e nem sempre nos damos conta. A importância de cada fato depende muito de como nós lhe damos com ele. Vou dar um exemplo para deixa mais claro.
Desde de pequeno, trato macumba com uma coisa coditiana, normal. Não tenho medo, pânico ou coisa parecida em relação à essas coisas.
Quando tinha por volta dos meus oito anos, eu costuma andar de carrinho de rolimã em uma rua paralela à minha. Descida e asfaltada, ela tinha naquela época tudo que era necessário para a prática dessa espécie de Formula 1 infantil.
A ladeira tinha duas travessas. E na esquina da primeira, bem ao lado de um poste, era comum, quase que um regra, alguém fazer “trabalho”. Pipoca, frango, e uma garrafa de bebida faziam parte da minha vida. Toda tarde, depois da aula, a tal da macumba estava lá, na espera por mim.
Acontece que, sem nenhum juizo, eu e meus amigos tratávamos aquilo tudo com um deslecho que a idade exige. Já era tão natural, que não tinhámos medo daquela encrenca toda. Estava lá todo dia. Nós, os carrinhos, a descida e a macumba.
Ficamos tão íntimos que passamos a nos aproveitar da situação. Sempre que tinha coisa nova e atraente, a gente usufruia do fato. Um gole de tubaina, um pouco de pipoca e um chute na vela passou a ser quase um ritual.
Os menos corajosos diziam que nós seríamos castigados. Os mais, diziam que erámos loucos. E nós, os malucos, duvidamos que paguemos a conta.
Tenho certeza de que meu futuro não mudaria, tivesse eu respeitado aquele trem. A tal da macumba gostou tanto de mim, que foi me encontrar anos depois.... mas isso é outra história.

16 fevereiro 2008

Os invernos têm sido longos

Sou o mesmo de sempre. Um pouco mais velho. Com os mesmos amigos de tantos anos, somado às novas figuras que apareceram de última hora... e que tem lugar cativo nesse trem
Outras histórias para contar. Mas só falo das Boas. As ruins continuam guardadas no mesmo lugar de sempre... onde pouca gente consegue chegar...
Escritor preguiçoso. Bom ouvinte de música. Lendo menos que gostaria. Com muito trabalho. Uma mochila nas costas e um sonho constante... Só me falta a viola na mão.
Mais perto do bem. Fugindo do que me faz mal.... ou tentando..
Padrinho da Marina e do Kauan. Apaixonado pela dupla Heitor e Helena. Fã incondicional do trio Re, Gu e Fá... Um filho mais diastante, mas ainda apaixonado...
Feliz por manter ao meu lado pelo menos um pedaço da família que a vida que me deu...
Ouvindo samba e musica popular... Apaixonado por sorvete.. Precisando operar a vista, urgente... ou perderei o que sobrou da esquerda.
Agora ando de moto.. talvez simbolo da mudança.. ainda me falta o Jeep... A moto, o Jeep e Paraty.. tomara seja esse meu futuro. Ou Fortaleza, quem sabe... eu aceitaria na boa
Ops... não quero mais sonhar com o futuro, o destino ou sei lá que nome tem isso.. quero levar o presente e os presentes que a vida tem me dado.
Obrigado Papai do Céu. Meu amigo e caridoso Deus. Sei da tua força e da tua presença na minha vida..Brigado Nossa Senhora de Aparecida. Popular. Brasileira e Santa....

12 janeiro 2008

Depois de um longo inverno

Engraçado. Essa não é primeira vez que fico tanto tempo fora. Mas é completamente diferente. Não sei exatamente a razão, mas sinto me mais inseguro, com menos certeza de coisas que me mantinham sempre no mesmo norte.
Uma amiga me disse, que Ziraldo certa vez escreveu que deixar de viver os sonhos que planejamos são a pior parte dessa fase que atravesso. E tem dias que sinto uma falte enorme dos meus sonhos.
Os mais bestas e os sérios. Aqueles que estavam a dois dedos e outros que eu tinha consciência de que não saíram do meu pensamento. O fato é que os sonhos me faziam caminhar sabendo onde eu queria chegar.
A mudança me fez pensar diferente. Tentar viver de outra forma. Agora é um dia sem pensar no outro que vem. Os pensamentos durante o banho foram trocados pelo planejamento do meu trabalho.
Cheguei perto de voltar a sonhar. Não consegui. Tive a certeza do que realmente me traz para perto da minha essência, da minha felicidade. O tempo é sagrado e precisa ser, muitas vezes, respeitado, engolido e digerido.
Tenho tentado respeitar o tempo. As vezes tento brigar com ele e agilizar certas coisas. Certas vezes dá certo, em outras quebro a cara.
Mas sigo aqui. Longe de tudo. Quase em retiro. Pensando em alguém. Em ninguém. Em mim?? As vezes nem nisso.