29 agosto 2008

Menina

Certa vez toca o telefone. Como boa parte dos dias, estava em viagem. Sozinho no quarto, o nome escrito na tela do celular não engana. Aquelas letras juntas formam uma palavra conhecida há anos, mais de uma década, certamente.

A voz do outro lado da linha é a mesma. O rosto que vem a memória também é aquele que o tempo não consegue apagar da cabeça. A história é quase secreta. Pouca gente sabe. Talvez só os dois envolvidos no caso.

Lembra de uma promessa antiga. Na verdade, ela nem termina de falar e ele responde. Diz saber do que se trata. E que o trato, garante, estará de pé. Que os anos entre o acordo e os dias atuais não fizeram com que o pacto fosse esquecido.

Deixado de lado durante anos, eles parecem saber do que falam. Não era conversa criança. Afinal eles passaram há um bom tempo da adolescência e não esqueceram aquele assunto, nem daquele sentimento, daquele carinho.

O tempo é curto. Também foi da última que vez que se aproximaram. Como daquela vez, a decisão de um dos lados está tomada. O outro torce para a sorte e felicidade dela, mas no fundo sofre um pouco. Talvez quisesse que algo desse errado. Ou sonha ter um cavalo branco para impedir tudo aquilo, como em um filme.

A conversa não é rápida. Repleta de histórias e lembranças, algumas lamentações destoam das risadas que sempre marcaram o relacionamento. O riso que nem a distância não apagou. Muito pelo contrário. Quanto mais longe, a saudade faz com cada conversa entre eles seja quase uma festa.

Nostalgia. Carinho. Respeito. Promessa. Risada.

E quem sabe um dia essa linha paralela quebre a regra matemática. Se cruze. E complete aquilo que eles por vezes acham ser o destino de ambos.