Meu amigo liga, quer conselhos sobre uma nova paquera. Conta que teve um lance sensacional com ela. Dois dias de carinho, amor e todos os mais picantes detalhes, que não me permito tornar público.
Filho da garoa e neto da gandaia, ele parecia disposto a largar a mal falada família para se entregar ao novo amor. Fez tudo como manda o figurino. Ligou e escreveu à nova amada. E avisou aos amigos que estava em viés de alta, tal como a CELIC.
As ligações, para sua nobre surpresa, não foram sequer atendidas. Azar, pensou ele. Tentou os recursos digitais, email, Orkut e mais um monte de coisas que, com minha ignorância nesse sentido, não sei explicar.
Não houve, mais uma vez, nenhuma evolução no contato direto.
Já desolado, ela teve a impressão de ter a visto na rua. Encheu o peito de coragem e pumba: escreveu de novo, via mensagem de celular. Era o dia de sorte do meu bom amigo. Cinco minutos depois, mensagem respondida.
Ele fez a tréplica, tal como um político nos debates eleitorais. E era mesmo a lua dele. Mais rápida ainda a resposta voltou. Era a hora da cartada final.
A mensagem dele era simples, queria ligar para ela e parar de mandar mensagem, que ele diz detestar fazer.
Foi seu erro.
Ficou sem resposta. Tentou ligar, não foi atendido. Desolado.
Ligou para sua mãe e avó. Horas depois estava de novo, sob a saia da garoa, de mão dada com a gandaia, de onde, agora ele parece saber, nunca deveria ter saído.
26 março 2009
11 março 2009
O trem que chega é o mesmo trem da partida
O trem que chega é o mesmo trem da partida
A frase não é minha, alias, acho que nunca fiz uma sentença minha mesmo. Tudo que escrevo ou falo são palavras e pensamentos picados que juntei ao longo e transformei no meu repertório.
Mas bem que poderia ter sido criada por mim. Poucas vezes um grupo de palavras juntas expressou de forma tão clara o meu sentimento durante um dia.
Ele começou cedo, quando a luz azul do meu celular avisou que uma mensagem de texto me aguardava para ser lida. Podia ser tanta gente, tanta coisa, que esperei um pouco para levantar da cama e ler.
Domingo, as oito e pouco da manhã, não é comum receber mensagem, ainda mais sendo eu um rapaz solteiro. A noite curta e o pouco tempo de sono me impediram de ver na hora o que aquela luz azul queria me dizer.
A frase era curta, mas a notícia era ótima. Dizia assim: Sua sobrinha nacerá hoje (É, a emoção fez meu irmão esquecer a letra S que vem antes de C).
Os mais de 500 quilômetros que me separavam do acontecimento me deram um misto de emoções. A felicidade pela chegada da Malu, que já veio com apelido. A apreensão que envolve o parto e, por incrível que pareça, a saudade de alguém que ainda nem tinha nascido.
Dali um tempo a ansiedade me fez ligar para saber notícias do parto. Dessa vez a conversa foi mais longa e a notícia péssima.
Não, nada em relação à Maria Luiza que ainda esperava a chegada do médico para mostrar a carinha linda que vi dias depois.
Mas justamente na outra ponta da família, uma estrelinha nos deixava para morar ao lado do Papai do Céu para sempre.
Mais uma vez a distância me derrubou. Queria estar perto, celebrar com um irmão e chorar com o outro. Ver o sorriso de uma cunhada e sofrer com as lágrimas da outra.
Cheguei a pedir a Deus para que as coisas não acontecessem no mesmo dia. A chegada estava marcada para o dia 11 e a partida, que já sabíamos era inevitável, aconteceria quando Deus mandasse.
Errado. As duas coisas vieram no dia que Papai do Céu entendeu ser o melhor.
O trem que chega foi, de fato, o mesmo trem da partida.
Ou como me disse aquele metido a ateu: Foi-se uma estrela e chegou uma outra.
A frase não é minha, alias, acho que nunca fiz uma sentença minha mesmo. Tudo que escrevo ou falo são palavras e pensamentos picados que juntei ao longo e transformei no meu repertório.
Mas bem que poderia ter sido criada por mim. Poucas vezes um grupo de palavras juntas expressou de forma tão clara o meu sentimento durante um dia.
Ele começou cedo, quando a luz azul do meu celular avisou que uma mensagem de texto me aguardava para ser lida. Podia ser tanta gente, tanta coisa, que esperei um pouco para levantar da cama e ler.
Domingo, as oito e pouco da manhã, não é comum receber mensagem, ainda mais sendo eu um rapaz solteiro. A noite curta e o pouco tempo de sono me impediram de ver na hora o que aquela luz azul queria me dizer.
A frase era curta, mas a notícia era ótima. Dizia assim: Sua sobrinha nacerá hoje (É, a emoção fez meu irmão esquecer a letra S que vem antes de C).
Os mais de 500 quilômetros que me separavam do acontecimento me deram um misto de emoções. A felicidade pela chegada da Malu, que já veio com apelido. A apreensão que envolve o parto e, por incrível que pareça, a saudade de alguém que ainda nem tinha nascido.
Dali um tempo a ansiedade me fez ligar para saber notícias do parto. Dessa vez a conversa foi mais longa e a notícia péssima.
Não, nada em relação à Maria Luiza que ainda esperava a chegada do médico para mostrar a carinha linda que vi dias depois.
Mas justamente na outra ponta da família, uma estrelinha nos deixava para morar ao lado do Papai do Céu para sempre.
Mais uma vez a distância me derrubou. Queria estar perto, celebrar com um irmão e chorar com o outro. Ver o sorriso de uma cunhada e sofrer com as lágrimas da outra.
Cheguei a pedir a Deus para que as coisas não acontecessem no mesmo dia. A chegada estava marcada para o dia 11 e a partida, que já sabíamos era inevitável, aconteceria quando Deus mandasse.
Errado. As duas coisas vieram no dia que Papai do Céu entendeu ser o melhor.
O trem que chega foi, de fato, o mesmo trem da partida.
Ou como me disse aquele metido a ateu: Foi-se uma estrela e chegou uma outra.
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