25 julho 2008

O chato

Nessas viagens de cá pra lá vivo coisas que pouca gente acredita. Comida, lugares, pessoas … tudo enfim tem sua particularidade. Outro dia eu me tornei refém. Não, nenhum bandido me sequestrou ou coisa do gênero.
Fui refém de um chato.
Começou na quarta. Estava em conexão. Saído do Nordeste e com destino ao Sul, parei para fazer baldiação em Cumbica. Meu telefone tocou e o visor dava conta de um número começado com 41. Normal, as pessoas de Curitiba estavam mesmo a nossa espera.
Mal sabia eu que ali começaria a tortura.
Do outro lado estava Jeferson. Falando palavras sem respirar. Uma atrás da outra, como se fosse um feirante com banca cheia e perto do meio-dia. Queria o que a maioria das pessoas me pedem. E que eu, raramente, posso atender.
Deveria ter cortado de cara. Mas minha difilcudade em dizer não, impediu. Informei sobre a dificuldade do pedido e disse que tentaria ver com meus superiores.
Ao chegar na capital paranaense, meu celular chama. E já era quase meia-noite. Era ele de novo. Mais desesperado ainda. Queria saber se eu tinha conseguido. Pô, eu nem tinha tentado ainda.
A saga continuou no dia seguinte. Meu fone tocava e era sempre ele. Eu dizia que só saberia a tarde. Mas ele ligou umas seis vezes pela manhã para ter certeza se seria mesmo SÓ A TARDE.
Quando cai a noite, ele vem ao hotel. E volta a me ligar. Eu já não atendo mais. Ele consegue falar com um amigo meu. Diz que me deixou um presente na recpção e que está a minha espera.
Deitado na cama no quarto. Digo ao meu amigo que estou jantando for a e que não consegui o que ele queria. Terminei explicando que não posso aceitar o presente.
Nada adianta. Nos dias que se seguem são mais inúmeras chamadas. E passo a sair do hotel sem passar pela recpeção. Vou sempre pela garagem. O fone do quarto chama e eu nem dou bola. No meu celular só falo com os números que conheço.
Tudo por causa de um chato.