27 novembro 2007

O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra.

O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra.Há uma ligação em tudo.”
Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.

Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem à mesma família.

Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós.

O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.

Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.

Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.

E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la

15 novembro 2007

Para um ser voador

Aprendi que ouvir uma palavra de carinho faz bem a saúde!
Que um gesto de amor sempre aquece o coração!
Que o julgamento alheio não é importante!
Que se deve ser criança a vida toda!
Que é preciso cultivar a paz interior!
Que sonhar é preciso!
E que o mais importante de tudo é que somos livres para as nossas escolhas!

10 novembro 2007

Presta atenção

Mandei um toque pra aquela crioula que foi tua
E hoje vive no meio da rua
Pensando em você ou qualquer um que aparecer
Mandei um bilhete perguntando a ela se ela me queria
Estava disposto a deixar a orgia
Para com ela me comprometer,

08 novembro 2007

Pode plantar

Um velho vivia sozinho em Minas Gerais.
Ele queria cavar seu jardim, mas era um trabalho muito pesado.
Seu único filho, que normalmente o ajudava, estava na prisão.
O velho então escreveu a seguinte carta ao filho, reclamando de seu problema :

"Querido filho, estou triste porque, ao que parece, não vou poder plantar meu jardim este ano.
Detesto não poder fazê-lo porque sua mãe sempre adorava a época do plantio depois do inverno.
Mas eu estou velho demais para cavar a terra.
Se você estivesse aqui, eu não teria esse problema, mas sei que você não pode me ajudar
com o jardim, pois está na prisão.
Com amor, Papai. "

Pouco depois o pai recebeu o seguinte telegrama:
"PELO AMOR DE DEUS, papai, não escave o jardim! Foi lá que escondi os corpos !"

Às quatro da manhã do dia seguinte, uma dúzia de agentes da Polícia Federal apareceram e cavaram o jardim inteiro, sem encontrar nenhum corpo.
Confuso, o velho escreveu uma carta para o filho contando o que acontecera.

Esta foi a resposta:
"Pode plantar seu jardim agora, papai. Isso é o máximo que eu posso fazer no momento."

29 outubro 2007

Eu digo e ela não acredita

dizem.....
Que Deus muito cansado da mesmice que existia na Terra, resolveu melhorar as coisas. Fez um criatura linda. Bondosa. Inteligente. Que beirava a perfeição.
Pensou em enviá-la como um anjo, mas temeu que as pessoas não iriam acreditar.
Afinal os céticos diriam que um ser de asas, aureola e flutiante não pode existir
Os malucos acreditariam que a visão seria fruto do chá de cogumelo.
Foi então que o Papai do céu teve a idéia de mandá-la com um ser humano.
Porém a idéia tinha sido tão boa, que o Todo Poderoso não teve coragem que acabar com as qualidade e tirou-lhe apenas as asas. Deixou todo o resto.
O brilho do anjo ficou nessa menina, que ilumina onde quer que esteja.
Dona de uma luz forte como uma estrela.

19 outubro 2007

São Paulo minha amante

A história que eu contei abaixo é nítida para quem vive em São Paulo.
Como sou de uma cidade próxima da maior capital do Brasil, tenho o privilégio de viver perto, porém muitas vezes distante de São Paulo.
As pessoas de lá se vangloriam de morar em uma cidade completa. Infinitas opções de comida, diversão, passeio e cultura. Sem contar os belos parques e prédios. Os museus, os shows, tudo que a civilização tem.
Amo essas coisas todas. Porém o preço que a mesma civilização cobra acaba comigo. Odeio trânsito. Não consigo entender com alguém consegue morar em um lugar onde se leva 40 minutos, as vezes uma hora para andar dois quilômetros de carro.
Amo São Paulo mas a tenho com amante. Só a noite ou nos finais de semana. Nos dias normais sigo aqui com a minha guerreira e amada.

Harmonia

Certa um professor me contou a curte história. Antropólogo, estava ele num desses congressos onde um monte de ditos especialistas discutiam o problema ambiental. Foi então que um gênio bateu na mesa e declarou.
- O aquecimento global é fruto do capitalismo selvagem, disse o representante de uma Ong ou coisa que o valha.
Nesse mesmo momento, um índio, que era convidado do evento, interviu.
- O senhor está enganado. O problema é capitalismo civilizado. As coisas selvagens, funcionam em harmonia.
Faz sentido.

10 outubro 2007

... não faço mais planos

Esse texto também não meu... mas de alguém bem parecido


...até que pudéssemos casar de verdade, viajar na lua de mel, reunir muitos amigos, até que pudéssemos finalmente fazer aquela viagem pra Ilha do mel, pra França ou pra Madagascar, até que viesse mais um filho, até que um de nós resolvesse colocar silicone ou lipar alguma coisa(essa seria eu), até que pudéssemos trocar de carro, comprar um maior pra família toda, até que pudéssemos quitar nosso primeiro apartamento pra depois comprar aquela casinha no condomínio fechado que sempre sonhamos, até que os meus e o seus pais estivessem bem velhinhos, até que eles pudessem curtir os netos, até que a gente montasse nosso próprio negócio, até um de nós escrever um livro, até os filhos crescerem, até que eles dançassem quadrilha na escolinha, ficassem adolescentes e depois fizessem suas faculdades, até que eles começassem a se parecer com a gente quando eu te conheci, até que a gente começasse a ficar parecido com seus pais, fazendo reuniões familiares aos fins de semana, reunindo amigos pra tomar cerveja e jogar conversa fora, até que sentíssemos saudades dos entes queridos que vão indo naturalmente embora, até que pudéssemos estar sempre confortados nos braços do outro, até que novos menbros fossem chegando à família, nossos netos, outros amigos, novas gerações, até que nossos cabelos brancos se tornassem os protagonistas da história, até que pudéssemos passar horas numa rede ou num banco na varanda de casa, contando histórias, rindo e lembrando de como quase fomos capazes de estragar tudo, até que chegássemos a conclusão de que nascemos um pro outro e de que havíamos feitos as escolhas certas, até que fôssemos capazes de perdoar todos os nossos erros e fraquezas, até que pudéssemos entender que esse amor seria suficiente para superarmos e vencermos tudo, até que nosso desejo sexual se fosse, mas também até que restasse o amor, o humor, o dialogo, o companheirismo e o carinho, pois no final é sempre o que vale mais.
Enfim, o plano era fazer todas as bodas possíveis, ficarmos bem velhinhos juntos pra sempre...mas alguém mudou de idéia. Agora não faço mais planos

09 outubro 2007

... as estrelas já estavam comigo

Essse texto não é meu, mas é lindo


O convite para entrar no carro preto, de vidros pretos, parado no estacionamento. Estava tudo combinado. Eu sabia exatamente aonde e com quem ia, mas não o que me esperava. O samba? Bem, não tinha mais samba. Havia, sim, uma mesa e excelente companhia. Em curto espaço de tempo, já tínhamos falado de tanto que de pouco consigo me lembrar.

Mágico! O quintal da casa ia fechar e, antes que fôssemos os últimos a sair, deixamos o lugar. Para onde? A pé, a esmo. Eu conhecia o quarteirão, mas não me importei com a escolha do caminho. Queria ser levada. Tinha fome! Comemos. Pensando bem, acho que as pizzas demoraram para chegar à mesa. Juro que não contei o tempo. Convenhamos: nem o senti passar. Agora, a gente sabe que pode pedir uma só da próxima vez.

Rimos muito, sorri muito. E tinha mais! Daí em diante, já não reconheço os pormenores. Recordo-me apenas de uma névoa clara, forte e aconchegante, mistura de laranja com mel, agridoce. Não existia antes, não existia depois – e ainda não há. Sei do calor, sei do carinho, sei dos meus olhos fechados... talvez imaginando tudo isso só para que pudesse descrever agora.

Confesso que não observei o céu (... as estrelas já estavam comigo).

Acho que, nisto, reside a maluquice da vida: quando algo que foi sempre possível, mas nunca palpável nem previsto, acontece. É o inesperado. São as "primeiras vezes", experimentadas com mais freqüência por quem anda por aí docemente alerta, olhando um pouco para o chão e outro tanto para o céu, em busca das tais estrelas que não hesitam em cair nos nossos braços, quando abertos a tempo.

08 outubro 2007

Ele me empurra

Quando bem novo e pequeno, festa na minha rua era sinônimo de samba. Praticamente todas as festas tinham um batuque para alegrar o clima e espantar a tristeza. Nenhum deles eram músicos. As vezes tinha um cavaquinho (que tocava umas 3 ou 4 notas), o Joãozinho na Timba, alguém com chocalho ou pandeiro e todo mundo cantando.
Na ausência de um cavaquinho, acontecia do mesmo jeito. A preocupação não era a qualidade musical. Era a forma que meus vizinhos tinham de cantar e se alegrar entre eles. Valia até tocar num banco de plástico, que até hoje tenho em casa.
As festas paravam há muito tempo. A idade foi chegando e aqueles jovens pais, hoje tão tem mais o pique de antes. O Joãozinho também se foi. Tens alguns anos, foi fazer musica com sua inseparável timba ao lado do papai do céu.
Mas era tudo tão gostoso que nunca saiu da minha lembrança.
Talvez por isso, o samba tenha um poder incrível que elevar meu astral e de me deixar mais contente. Nos últimos tempos tenho recorrido bastante a ele para fazer-me espantar uma tristeza chata e insistente que cisma de ser minha amiga.
Baixei Paulinho da Viola na internet. Fui em ensaio de escola. Voltei a ouvir meus discos do Zeca, largados há tempos.
Junto que com meus bons amigos e parentes, o samba me empurra para frente e não me deixa parar.




“Quando tudo parece que estar perdido
É nessa hora que você vê
Quem é parceiro, quem é bom amigo
Quem tá contigo quem é de correr
A sua mão me tirou do abismo
O seu axé evitou o meu fim
Me ensinou o que é companheirismo
E também a gostar de quem gosta de mim”

06 outubro 2007

Pai Nilson?

Semana passada o Corinthians recorreu aos trabalhos de um tal Pai Nilson para espantar a má fase que ronda o clube. Segundos os dirigentes do clube, depois de feito o serviço, viria um tempo de calmaria e bonança. Macumba, trabalho ou sei lá como chama isso, o fato é que esse tipo de serviço tem enorme espaço na cultura brasileira.
Recorro mais uma vez aos meus tempos de menino para ilustrar essa história.

Costumávamos andar de carrinho de rolimã, numa rua duas quadras abaixo da minha. Era uma ladeira de asfalto, que na época com baixo fluxo de carro.
Na esquina que dávamos partida, era normal ter sempre um trabalho junto ao poste. Não sei exatamente a razão, mas é fato que durante muito tempo alguém usou daquele cruzamento para ser lugar sagrado.
Como éramos meio malucos, não tínhamos medo daquele negócio que sempre juntava uma bacia com comida, algum tipo de bebida e umas velas. Era comum a gente comer pipoca, beber Tubaina, ou mesmo chutar aquela oferenda toda.
Para completar a seção de maluquices, enfrente a essa esquina havia uma pequena igreja de sei lá qual religião. Certa vez, eu e meus amigos descobrimos por acaso um estoque de refrigerante no local.
Estávamos brincando por lá, resolvemos pular dentro do salão de festa e encontramos nossa bebida preferida. Confesso, que abrimos umas garrafas e desfrutamos da iguaria.

Que esquina boa. Pipoca de um lado e refrigerante do outro. Entre os dois, uma animada corrida de carrinhos de rolimã.

05 outubro 2007

Eu

Guilherme:
Indica um homem que se orgulha da sua força (física, mental ou moral) e se vale dela para auxiliar a pessoas de quem gosta. Do alemão "protetor, defensor".

Será?

03 outubro 2007

Bichinha informante

Meu amigo me preocupava. Enfrentava uma fase complicada na vida e não nos dava brecha para saber como estava. Apesar de brincalhão e um tanto simpático, ele não conversava sobre coisas pessoais, sua dor e sofrimento.
Tentei várias vezes e por tantos meios saber como ele estava, se precisava de alguma coisa. Porém, ele sempre podava aqueles que tentavam avançar as barreiras estabelecidas.
Já tinha perguntado sobre a ele à muitas pessoas. Todos tinham a mesma resposta que eu. Diziam que nosso amigo parecia bem, mas pouco queria conversar a respeito do ocorrido.
Foi então que resolvi perguntar para uma bichinha que conheço. É impressionante como esse viado, sabe da vida dos outros. E tinha certeza de que ele teria novidades quentinhas.
Não me enganei. Disse a bichinha que encontrava meu amigo direto, sempre. Que antes ele parecia estar mal. Com os olhos fundos, cara de cansado, mal mesmo. Porém nos últimos tempos, o rapaz parece ter melhorado.
Anda sempre em companhia de uma cabeluda (para mim todas as mulheres o são, mas a bichinha disse que essa era mais). Está mais bem vestido. Alegre e com ar mais “up”, segundo meu informante.
Dias depois encontrei meu amigo e disse de cara.
- Fiquei sabendo que você está melhor e contei a história do antes mal e da cabeluda.
Meu amigo matou na hora.
- Já sei a bichinha te disse que me viu, né. É verdade. Encontrei como eles duas vezes (não sempre como disse meu informante). Na primeira, eu tinha acabado de correr sete quilômetros, estava acabado e fui tomar um suco. Já na outra vez, eu estava indo trabalhar, com roupa de quem vai sair, e encontrei por coincidência uma amiga que não via há tempo. Conversamos muito, demos risadas e fomos para o serviço....

Bichinha exagerada

02 outubro 2007

Meu dia de Tom Cruise

Como faço quando tenho manhãs livres, resolvi dar uma corrida hoje cedo. Antes de contar a historia, porém, preciso ilustrar o local onde faço minhas atividades.
O parque tem uma pista em formato de taco de golfe. Uma reta grande, com uma bola na ponta. Começo sempre pela ponta. Corro primeiro a reta, completo a parte circular e volto ao começo passando pela reta até chegar ao ponto de largada.
Segundo a medição pista, essa volta tem dois quilômetros e meio. Dou pelo menos duas voltas e corro assim cinco kms.
Eu já estava perto de concluir a primeira volta quando vi duas meninas andando pela pista, vindo de frente a mim. Até aí, nada demais, é normal pessoas caminharem por lá. Quando estava há uns 20 metros delas tentei desviar, mas as meninas foram para o mesmo lado.
Pensei ser um mal entendido, e mudei de lado novamente. As duas deram as mãos e fecharam a pista de corrida. Olhei para trás, pensei que brincavam com algum amigo. Mas não havia ninguém.
Eu já estava muito perto, fui para a grama e desviei delas, que nessa hora já pulavam e tentavam me agarrar. Quando passei, ouvi uma das duas gritar:
- Pára, você é muito gostoso.
A outra falava coisas que, juro, não entendi.

Terminei a primeira volta e parti para a seguinte. Como elas andavam no sentido contrário ao meu, as encontrei no começo da parte circular da pista, bem no final da reta.
Elas perceberam minha chegada e tentaram me parar novamente. Começou a gritaria e uma delas implorou para que eu parasse.
- Para, por favor, pára, fala com a gente.
Desviei, mais uma vez pela grama. Mas elas não desistiram e começaram a correr atrás de mim. Tentando puxar-me pela camisa. Apertei o passo, pedi desculpas, disse que estava treinando e segui.
Corri ainda mais rápido, ouvindo gritos histéricos.
Mas ainda faltava completar a parte circular e elas se mantiveram onde estavam.
Peguei um atalho, foi pelo bosque e me livrei daquele ataque de fãs.

Me senti um ator, um cantor, um jogador de futebol. Nunca imaginei ter duas meninas tentando me agarrar em local publico em plena luz do dia.
Tive pena dos bonitos e famosos. Se eu feio e pobre tive esse assédio. Imagina o Tom Cruise............. o coitado deve sofrer.

01 outubro 2007

Pensamentos quase póstumos

Abro meu espaço hj...

Pensamentos quase póstumos

LUCIANO HUCK


LUCIANO HUCK foi assassinado. Manchete do "Jornal Nacional" de ontem. E eu, algumas páginas à frente neste diário, provavelmente no caderno policial. E, quem sabe, uma homenagem póstuma no caderno de cultura.
Não veria meu segundo filho. Deixaria órfã uma inocente criança. Uma jovem viúva. Uma família destroçada. Uma multidão bastante triste. Um governador envergonhado. Um presidente em silêncio.
Por quê? Por causa de um relógio.
Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado.
Provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades. O que não justifica ficar tentando matar as pessoas em plena luz do dia. O lugar deles é na cadeia.
Agora, como cidadão paulistano, fico revoltado. Juro que pago todos os meus impostos, uma fortuna. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa.
Adoro São Paulo. É a minha cidade. Nasci aqui. As minhas raízes estão aqui. Defendo esta cidade. Mas a situação está ficando indefensável.
Passei um dia na cidade nesta semana -moro no Rio por motivos profissionais- e três assaltos passaram por mim. Meu irmão, uma funcionária e eu. Foi-se um relógio que acabara de ganhar da minha esposa em comemoração ao meu aniversário. Todos nos Jardins, com assaltantes armados, de motos e revólveres.
Onde está a polícia? Onde está a "Elite da Tropa"? Quem sabe até a "Tropa de Elite"! Chamem o comandante Nascimento! Está na hora de discutirmos segurança pública de verdade. Tenho certeza de que esse tipo de assalto ao transeunte, ao motorista, não leva mais do que 30 dias para ser extinto. Dois ladrões a bordo de uma moto, com uma coleção de relógios e pertences alheios na mochila e um par de armas de fogo não se teletransportam da rua Renato Paes de Barros para o infinito.
Passo o dia pensando em como deixar as pessoas mais felizes e como tentar fazer este país mais bacana. TV diverte e a ONG que presido tem um trabalho sério e eficiente em sua missão. Meu prazer passa pelo bem-estar coletivo, não tenho dúvidas disso.
Confesso que já andei de carro blindado, mas aboli. Por filosofia. Concluí que não era isso que queria para a minha cidade. Não queria assumir que estávamos vivendo em Bogotá. Errei na mosca. Bogotá melhorou muito. E nós? Bem, nós estamos chafurdados na violência urbana e não vejo perspectiva de sairmos do atoleiro.
Escrevo este texto não para colocar a revolta de alguém que perdeu o rolex, mas a indignação de alguém que de alguma forma dirigiu sua vida e sua energia para ajudar a construir um cenário mais maduro, mais profissional, mais equilibrado e justo e concluir -com um 38 na testa- que o país está em diversas frentes caminhando nessa direção, mas, de outro lado, continua mergulhado em problemas quase "infantis" para uma sociedade moderna e justa.
De um lado, a pujança do Brasil. Mas, do outro, crianças sendo assassinadas a golpes de estilete na periferia, assaltos a mão armada sendo executados em série nos bairros ricos, corruptos notórios e comprovados mantendo-se no governo. Nem Bogotá é mais aqui.
Onde estão os projetos? Onde estão as políticas públicas de segurança? Onde está a polícia? Quem compra as centenas de relógios roubados? Onde vende? Não acredito que a polícia não saiba. Finge não saber.
Alguém consegue explicar um assassino condenado que passa final de semana em casa!? Qual é a lógica disso? Ou um par de "extraterrestres" fortemente armado desfilando pelos bairros nobres de São Paulo?
Estou à procura de um salvador da pátria. Pensei que poderia ser o Mano Brown, mas, no "Roda Vida" da última segunda-feira, descobri que ele não é nem quer ser o tal. Pensei no comandante Nascimento, mas descobri que, na verdade, "Tropa de Elite" é uma obra de ficção e que aquele na tela é o Wagner Moura, o Olavo da novela. Pensei no presidente, mas não sei no que ele está pensando.
Enfim, pensei, pensei, pensei. Enquanto isso, João Dória Jr. grita: "Cansei". O Lobão canta: "Peidei".
Pensando, cansado ou peidando, hoje posso dizer que sou parte das estatísticas da violência em São Paulo. E, se você ainda não tem um assalto para chamar de seu, não se preocupe: a sua hora vai chegar.
Desculpem o desabafo, mas, hoje amanheci um cidadão envergonhado de ser paulistano, um brasileiro humilhado por um calibre 38 e um homem que correu o risco de não ver os seus filhos crescerem por causa de um relógio.
Isso não está certo.


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LUCIANO HUCK, 36, apresentador de TV, comanda o programa "Caldeirão do Huck", na TV Globo. É diretor-presidente do Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias.

28 setembro 2007

Para que serve um parafuso?

Ontem a noite, segundo as agências de notícias, uma roda soltou-se de um pneu de um ônibus na Zona Sul de São Paulo e feriu uma mulher que estava a cerca de trinta metros do local. Na de grave aconteceu. Parece que só uma luxação.
No entanto, informam as mesmas fontes, essa foi a terceira vez que isso aconteceu em menos de um mês e sempre com ônibus da mesma empresa de transporte. Sendo que em uma das vezes, o pneu liberto matou um rapaz.
No extremo da Zona Norte, um cara que estava em regime semi-aberto na cadeia psiquiátrica de Franco da Rocha matou dois irmãos. O assassino disse ter cometido o crime por que “deu bobeira”.
Quem disse que parafuso não salva vida. A falta deles na roda do ônibus matou um e feriu mais gente.
A ausência dos mesmos parafusos na cabeça de um louco matou dois.

24 setembro 2007

Conversa fiada

Além de jogar bola, meu hobby sempre foi bater papo. Nada de vontades exóticas, coleções ou coisas do gênero. Conversar sempre foi meu passatempo predileto. Gosto de falar e de ouvir. Conversar besteira (na maioria das vezes) e tocar em assuntos sérios (isso é mais raro).
Acontece que por opção, resolvi ficar mais tempo sozinho nos últimos dias. Nada de grandes conversas ou papos descontraídos. Achava eu que era tempo de olhar para mim, de pensar em mim.
Acho que não vai dar certo.
Passado algum tempo, vejo que a intimidade e troca de experiência com pessoas queridas me fortalecem. Mais que um passatempo, a conversa é algo essencial na minha vida. É como comer, dormir e etc.
Longe da minha maior confidente, sinto falta das conversas e dos nossos delírios. Sonhar é uma dádiva. Uma terapia e um dom. Ter alguém que compartilhe isso é quase um sonho.

22 setembro 2007

Modernidade

A modernidade é algo implacável. É impossível ficarmos a margem dela, pelo menos em grandes cidades. O problema disso é que o resultado (principalmente no Brasil onde nada é planejado) vem de forma atropelada e acaba por vezes matando parte da nossa essência.
Uma das principais vítimas do crescimento e da modernidade são os campos de futebol. Sabe aquele pedacinho de terra, que era quase um terreno sem dono e que o pessoal se juntava para jogar bola?
Morreu.
Aqui perto de casa tinha um. Numa esquina. Alguém assinou e transformou nosso campinho em umas três ou quatro casas. Vendeu. Fez dinheiro.
O segundo mais próximo tinha o nome de Beira-Rio, por razões óbvias. Tínhamos um time lá. Treinávamos uma vez por semana pelo menos.
Esse foi repartido em dois, e vendido também.
Vieram então as quadras de grama artificial. O lazer pago, sinal claro da modernidade. Não tinha mais campo sem dono. A diversão agora dependia de cinco reais de cada jogador por dia.
Porém no mundo em que o rendimento é medido por metro quadrado, os homens de negócio começaram a ver que nesse aspecto o futebol pago não dá grande retorno se comparado com outros investimentos.
Nesses dias, duas quadras desse novo modelo foram fechadas aqui perto de casa.
Não, elas não viviam vazias. Muito pelo contrário. Crianças de uma escolinha durante a manhã e à tarde. Á noite, grupos de amigos. Tudo pago.
O problema é que o terreno é grande. Bem localizado. Vão fazer um prédio. Bem mais lucrativo para o dono espaço.
E bem mais chato para nós.

21 setembro 2007

Para Mário Bala

Foi embora cedo. Tinha só 25 anos. Só soube um dia depois, nem pude me despedir. Deixo aqui meu abraço e a lembrança de um cara boa praça, batalhador, palmeirense e cheio de vida.
Dormiu. Não acordou. Parece até ser mentira. Preferia que fosse mesmo.
Como a vida as vezes é chata....
Marião, deixo registrado minhas saudades e minha incompreensão.
Que Deus cuide de você, conforte sua família e guarde sua memória entre os amigos.

19 setembro 2007

Minha felicidade

Alguns dizem que personalidade é genética, outros apostam que é fruto daquilo que vivenciamos durante os anos. Eu acredito nos dois. Somos formados pelas informações que estão a nossa volta. Pelo repertório que a vida nos dá e pelo que buscamos também.
Por isso cada ser em si é único. Porque juntar nossa carga genética ao repertório vivido exclusivamente por cada ser, faz com que não tenhamos versões iguais a nós mesmos.
Sou parte do pai. Um pedaço da minha mãe. Uns outros tecos dos meus três irmãos. Trago muito do que meu avô paterno pensava, mesmo tendo vivido apenas oito anos com ele. Carrego ainda herança dos meus tios e principalmente dos meus padrinhos.
Junta-se a isso pessoas que conheci durante minha vida. Amigos, colegas, professores, treinadores, adversários e até inimigos. Musicas, livros, histórias, piadas e causos.
Gosto de pessoas que me encantem. Pela força de vontade, ou pelo bom humor. Pode ser também através da bondade e do dom de perdoar. Outros me fascinam com amor à família ou bom relacionamento com as pessoas mais diferentes.
De tudo que vi o que mais me conduz é saber que fazer o bem aos que amo é essencial. Criado com três irmãos e milhões de primos, sempre soube que ajudar os que amo me deixa feliz demais.
Engraçado, mas fazer as coisas só para mim não tem o mesmo efeito.






"Você é riacho e acho que teu rio corre pra longe do meu mar...

mar marvado seria o rio

que correndo do meu riacho... levaria o que acho

pra onde ninguém pode achar..."

17 setembro 2007

É de manhã

Engraçado. Nos reencontramos (via orkut) há uns três anos. Marcamos de nos ver por pelo menos duas, mas nenhuma das vezes o encontro deu certo. Combinamos a semana passada. Furou de novo.
No entanto com a manhã livre, fiz obrigações bancárias e outras de um gênero parecido e resolvi tomar café da manhã na rua.
Pedi o de sempre, misto quente e suco de laranja.
Com a bebida na mão e a espera do lanche, olho para a entrada da lanchonete e minha amiga (essa que citei no começo do texto entra). Quando ela me vê, a reação não podia ser outra: risos.
Poxa, há três anos tentando marcar o encontro, e ele acontece assim. Sem hora, sem dia, e graças a planos repentinos.
Assim como eu, ela não planejou ir lá. Também não tem hora certa para entrar no serviço e resolveu por provas daquelas maravilhas antes de enfrentar uma segunda-feira cinzenta, carrancuda e feia.
A última vez que nos vimos faz tanto tempo, que achamos melhor não contar quantos anos são. Dessa forma escondemos nossa idade.
Mas mesmo assim, nossa conversa voa. Livre, passa por assuntos do passado, da pré-história. Chega ao presente e projeta um futuro.
Dizem que certos sentimentos não acabam.
Nossa amizade é assim.

14 setembro 2007

Coitado do Jacaré

Contar histórias é uma arte. Um dom como pintura, canto e outros. Uma qualidade que nasce com as pessoas. E que pode ser aprimorada com passar dos anos, com a experiência da vida.
Nascido sob o domínio dos contadores de histórias, eu não sei ao certo quantos anos ele tem. Parece ter vários. Os cabelos brancos e anos de estrada evidenciam já ter passado seis décadas, pelo menos.
Como o vinho, ele fica melhor a cada dia. Assim como a cachaça, ele é cara de um país distante. Caipira, sim. Como somos todos nós, ou pelo menos nossa essência. Com sua voz rouca, conta causos de uma história que deixamos para trás.
As histórias do nosso folclore precisam ser contadas. Nada de Dia das Bruxas, Abóboras, Lendas Urbanas ou coisa do gênero.
Cresci com medo da Cuca, apaixonado pela Narizinho. Sonhando em ser Pedrinho. Com desejo de comer os doces da vovó e morrendo de vontade de brincar no sítio.
E isso que faz meu amigo. Conta histórias da nossa gente. Histórias que escreveram nossa história, que educaram nossa gente.
Nada contra Harry Potter, mas meu bruxo era um jacaré.

13 setembro 2007

Eu também fui absolvido

Até pensei em escrever para xingar os políticos e dizer que nosso país não tem mais jeito, mas acabei por lembrar que eu também já fui absolvido injustamente.
Era Primeiro de Ano. Tradicional festa da minha família enquanto seo Joca foi vivo. Coisa para mais de 100 pessoas, que passavam o dia ao sabor de churrasco, saladas, arroz. A sobremesa eram as jabuticabas que pegávamos no último pé do pomar.
Para o lazer tinha sinuca, jogada no andar de cima e sempre em confronto de duplas. No andar de baixo, bingo e amigo secreto. Para as crianças jogo e competições.
E foi justamente aí que me livrei de uma pena dura.
Era uma prova de corrida. Saímos da entrada do pomar e íamos até o portão da frente. Batíamos a mão e fazíamos o sentido contrário. Quem chegar primeiro, ganha.
Eu estava na frente na bateria dos meninos com mais ou menos a minha idade. Tinha tudo para ganhar, até que um primo veio mais veloz que o pensamento. Faltavam poucos metros para a linha de chegada. Mas o menino era rápido demais. Percebi que não conseguiria vencer e fiz um golpe sujo.
Abri os braços, como se fosse comemorar a vitória. Sorrateiramente, acertei a barriga do meu oponente que nada pode fazer, caiu. Retorcia-se de dores.
Venci, sob os olhares ferozes dos pais do meu pequeno primo. Os dois vieram de dedo em riste me acusar de fraudar as regras. Fiz como Renan Calheiros. Mas no lugar de notas ficais frias, disse que não o vi e que só abri os braços para comemorar a vitória.
Meus outros primos e tios concordaram comigo e me absolveram num placar bem menos apertado que 35 x 40 de ontem. Em seção aberta, eles livraram um pequeno criminoso.
E nem precisei de abstenção do Mercadante e nem dá boca de urna da Ideli...

11 setembro 2007

O Pacto, Parte 2

Leia o Texto anterior

Ainda faltava um integrante para que o Pacto ficasse completo. Assim como os meus, os fios do rapaz não clarearam o suficiente para ser chamado de loiro. Entretanto aquela cor era bem mais suave do que um castanho claro. Um tom sem definição, mas muito feio.
O medo de que a maldição nos pegasse, fez com ele enfim cumprisse o pacto. Passados mais de 3650 dias, ele tentou algo mais forte. Mais incisivo do que potes de água oxigenada comprados em farmácia.
Recorreu então aos serviços de um profissional.
Segundo este feiticeiro das tinturas capilares e mestre na arte de descolorir fios resistentes, a saída mais “up” seriam umas luzes. Um tipo de tratamento que só deixam loiros alguns fios, conservando a maioria na cor original.
Meu amigo sentiu medo de ser vaiado ou ficar com cara de viado.
Porém, o dia marcado para que a terrível maldição caísse sobre nossas cabeças se aproximava.
Por um momento ele pensou em não pintar os cabelos e esperar pelo pior. Afinal ele não tem filhos e nunca a vida lhe deu uma dona.
Mas foi lá. Respirou fundo e deixou que o arco-íris tomasse conta.
O resultado foi espantoso. Meu amigo, que já não era bonito, ficara horrível. Ridículo para ser mais exato.
Ao entrar no carro, queria fugir. Sumir, desaparecer.
Pegou algumas moedas, estendeu a mão e entregou ao flanelinha.
Na sabedoria das ruas e talvez abençoado pelos deuses, foi o rapaz que olhava carro quem nos salvou da maldição.

- Valeu alemão. Bom final de semana para você.

10 setembro 2007

A LENDA DO PACTO DA ÁGUA OXIGENDA

Sabe aquela história de pacto de sangue?
Há mais de uma década, eu e um grupo de amigos resolvemos fazer um. Como éramos pouco corajosos, deixamos as facas de lado e optamos por algo mais suave, menos perigoso: água oxigenada.
Foram três aplicações em cada um dos quatro amigos. Dois integrantes conseguiram o resultado esperado rapidamente: Lindos (na verdade não tão belos assim) cabelos loiros, como os da Xuxa, que já fazia sucesso naquele tempo.
Eu e mais um companheiro inseparável não tivemos a mesma sorte. Nosso cabelo era mais escuro. E a água oxigenada deixou nossas madeixas cor de laranja. Era algo parecido com a tonalidade Abóbora, sei lá.
Eu queria tornar-me loiro e virei um ruivo escuro, ou algo de gênero. Certamente não existe uma pessoa no mundo com o cabelo tão feio que me sirva de exemplo para elucidar o fato.
Porém minha realização veio no dia seguinte.
Disputávamos um campeonato de Futsal. O jogo estava duríssimo. Empatado em 3 a 3. Pênalti para nós. Faltavam segundos para o jogo acabar.
Me candidato a fazer a cobrança, afinal sempre gostei de sair como herói. E olha que boa parte das vezes eu fui o contrário.
Pego a bola e vou à marca penal. Um adversário vem me intimidar. Olha nos meus olhos, com cara de mal e diz:

- Você vai errar ALEMÃO

Mal sabia ele que essa frase tirou toda pressão das minhas costas. Podia errar a cobrança. Sabia que dali em diante minha parte no PACTO DA ÁGUA OXIGENDA estava cumprida.

Eu também era um ALEMÃO.

08 setembro 2007

Epílogo

Muita mais simpático pela grande quantidade de cerveja, ele me fez ficar uma hora no bar conversando.
Entre papos que começavam e não terminavam, cantou uma música que nunca tinha ouvido. Batucando na mesa do boteco, com um sorriso no rosto e acompanhado de um dos seus cunhados (este também alterado pela marvada) o samba que saiu foi esse

Quero viver como um passarinho
Cantar, voar sem direção
Quando quiser construir meu ninho
Hei de encontrar um coração
Por enquanto eu quero viver
Com toda liberdade
Cantando aqui, pousando ali
Esta é a minha vontade
Não, eu não quero prisão
Para o meu coração
Eu não quero
Será bem triste o meu fim
Se eu não conseguir
Ter a minha vida assim

Acho que vou jogar no bicho,tem passarinho?

06 setembro 2007

Homenagem ao canário

Velho Pava se foi. Será que terei que mudar o nome do meu passarinho?
Temos costume de criar canarinhos e periquitos em casa. Entre os da primeira raça, aqueles que mais cantam ganham o singelo nome de Pavaroti.
Foram tantos os pássaros com este nome, quem não posso fazer uma lista (ainda bem) de quantos existiram. O mais famoso daqui também se foi. Mas teve uma morte bem mais trágica que a do tenor italiano.
Pavaroti 1º (o canário) foi assinado. Por uma revista mal jogada na garagem. Ele ficava lá, pendurado no teto e cantando. Aí num sábado a noite, o entregador, errou a mão e acertou o coitado.
Pumba!!!!!!!! a gaiola caiu e o Pava 1º foi-se
Nem sei quantos tivemos antes e depois desse
O atual também tem o mesmo nome. E canta, mas canta tanto que as vezes agradeço ao entregador de revista
O engraçado é pensar que o Pavaroti (o cantor) era um cara erudito, e esse tipo de gente detesta ser popular. Boa parte dos habitantes do mundo da ópera é purista e esnobe. Mas ele não era
Pavarotti (o cantor) fez sucesso em parceria com cantores populares. Cantou em abertura de Copa do Mundo junto com outros dois tenores e levou a música clássica para o mundo inteiro, cantando até Aquarela do Brasil.

Foi tão popular que até meus passarinhos levaram seu nome

05 setembro 2007

Oito décadas de experiência

Devemos sempre aprender com mais velhos e ela sem dúvida tem muito que ensinar. Passadas mais de oito décadas de vida, os sinais do tempo são cada vez mais presentes. Entre vários fatores, chama atenção a dor na perna que atrapalha (mas não impede) o movimento.
Porém, o que mais tem incomodado ultimamente é a falta de memória. A cabeça que sempre funcionou muito bem, hoje confunde quase tudo. Pessoas, lugares, vontades e gostos..... tudo ficou embaralhado.
Os herdeiros sofrem com tudo. A cada esquecimento, cada falha de memória parece fazer um corte na alma dos mais novos. A troca de nome de um dos filhos ou netos. A confusão sobre a casa onde mora... tudo isso parece ferir aos outros.
Mas à ela não.
Confundiu-se, ela dá risada.
Esqueceu, atrapalhou, enganou-se... assim que ela percebe, ri... e ri bastante da situação.
Enquanto os outros choram e se desesperam com a situação. Ela vê graça. Aceita bem as limitações que idade lhe impõe. Luta contra. Faz tratamento, mas sabe que é complicado vencer essa luta.
Não há remédio para seu mal. E ela sabe. Talvez por causa disso, o segredo não seja prolongar a vida, e sim viver bem enquanto tiver vida.

Cada riso dela parece nos ensinar.

04 setembro 2007

3 = 0

Manhã livre. Depois de dois dias puxados, resolvo aproveitar o tempo disponível para fazer uma caminhada. Diferente dos dias anteriores, dessa vez não vou correr. Quero andar e aproveitar o Sol forte.
Queria passar pelo menos uma hora, com o calor na cabeça e a mente livre. Andar e aproveitar para colocar os pensamentos em ordem, tarefa complicada nesses tempos de mudanças profissionais e pessoais.
Ao entrar no parque, uma menina me chama atenção. Caminha no sentido oposto ao meu. Está a menos de 30 metros. Lembro que a conheço, não me recordo de onde. Pronto. Já sei.
Ela passa, olha para o outro lado e finge não me ver.
A pista de caminhada é um círculo. Quando a encontrar na próxima volta, tomarei eu a iniciativa de dar oi, perguntar como está, saber dos amigos em comum entre outras coisas.
Dou mais duas voltas e não a encontro mais.
No almoço, vou ao restaurante.
Logo de cara, encontro com ELA. Não, não a menina do parque. Uma outra. Mas essa é bem mais especial. Tivemos um romance há algum tempo, coisa de 13 anos, eu acho.
Ela está bonita como sempre.
Penso em dizer oi. Acho melhor não. Vai que ela não lembra de mim. Insisto em olhar para ela, que nem se quer me nota.
Tudo bem, esqueço.
Entro, me sirvo, como. Hora de pagar e ir embora.
Quando vou ao caixa, ELA está de novo lá. Ficamos a menos de 20 centímetros e nada. Impossível ela não lembrar, assim como seria para mim também. Mas não conseguimos nem nos cumprimentar e olha estivemos lado a lado por duas vezes.
Saio do restaurante. Hora de pegar no trabalho, mas antes me deparo com outro rapaz bem conhecido.
Jogou bola e andou de skate comigo. Amigo de infância.
Agora ele é gari, está limpando a rua.
Olho para ele, quem sabe esse eu consiga dar pelo menos um olá. Nada. Ao me ver, abaixa a cabeça e desce a ladeira.

Três conhecidos. Amigos ou não. Um cada de lugar. Com tipo de relacionamento e lembranças diferentes. E nenhum Oi.

O mundo fica chato, as vezes.

03 setembro 2007

Patavinha

Semana passada foi publicada pela revista Forbes, uma lista com 50 mulheres mais poderosas do mundo. A vencedora da honraria foi a premiê alemã Angela Merkel, que ultrapassou, entre outras, a secretária de estado dos EUA Condoleezza Rice.
Sabe o que muda com a lista publicada pela Forbes?
Nada. Patavinha. Pelo menos para mim.
Não sei de onde surgiu esse tesão que se tem por lista. Tudo hoje em dia tem que estar no ranking dos melhores. As Maravilhas do Mundo. Os Melhores Restaurantes. Os mais ricos do Universo. Os mais bem pagos do cinema, esporte, televisão.
Talvez eu seja burro demais, mas não consigo comparar certas coisas.
Por exemplo, eu posso fazer uma lista dos meus 10 melhores amigos. Nunca contei para saber quantos são. E nem tão pouco posso dizer qual deles está na frente no meu ranking dos prediletos. São todos amigos e ponto.
Não sei qual a minha comida preferida. Sei quais as que gosto, mas se me derem Purê de Batata todo dia, ele vai cair na minha cotação.
Não sei qual foi o dia mais feliz da minha vida. Não sei qual meu irmão ou sobrinho preferido. Não tenho certeza de qual foi minha melhor viagem, nem minha melhor atuação em partida de buraco.
Não sei qual foi os beijos e olha que nem foi um grande beijoqueiro. Lembro dos grandes abraços, mas não posso dizer qual deles foi o mais gostoso. Seria uma grande injustiça que faria com todos os outros.
O filósofo tinha razão quando disse: Tudo que sei é que nada sei.
No meu caso, sei pouca coisa. E essas eu guardo só para mim.

31 agosto 2007

TREMIDA, TERMINA e TER MINA

A rua me levava. Saí sem rumo, e os caminhos colocaram-no em meu destino. Não o via há muito, não sei exatamente quanto. Ao nos vermos: sorriso. Gostamos um do outro, apesar de não termos o mesmo contato de antes.
Ele não mudou. O corte de cabelo, o jeito de vestir, a voz, está tudo igual. No entanto, percebo que sua companheira e fiel escudeira não está ao lado. Reparo que o anel representando a união também faltou.
Acho melhor não questionar, pelo menos por hora.
Pergunto como está. Bem, ele responde. Me interesso por saber dos amigos que temos em comum. Ele me dá detalhes sobre aqueles com quem tem contato.
Penso em perguntar sobre ela, melhor não
Falamos sobre música popular, nossa paixão em comum. Ficamos sem assunto em seguida, penso ser a hora de questionar sobre ela, mas puxo outro papo
Conto o que tenho lido e os filmes e peças que têm me seduzido. Ele morde a isca, e conta os dele também.
Não tem mais jeito. Encho o peito de coragem. Pergunto.
Não estão, realmente, mais juntos.
Tem saudade, me atrevo a perguntar.
Sinto falta da TREMIDA que ela dava antes de dormir, diz de bate-e-pronto.
Tento falar, ele interrompe.
Meu amor nunca TERMINA, segue dizendo.
Tento hoje ficar sem TER MINA

Ele segue com mais um monte de histórias. Eu já não ouço mais, só escuto e penso sobre como palavras tão parecidas podem ser tão diferentes:
TREMIDA, TERMINA e TER MINA

30 agosto 2007

O dia começou assim

Meu dia começou daquele jeito
Tinha que estar no trabalho às oito e meia. Eram oito e quinze quando eu entrei no banho
Meu banho não é dos mais ligeiros, ainda enrolei embaixo do chuveiro
Quando saí do banheiro tinha ligação de uma pessoa que estava já a minha espera no serviço
Putz!!!!!
Bateu o pânico
Na melhor das hipóteses, iria demorar pelo menos mais uns 40 minutos
Pedi a ela que me esperasse, que não avisasse meus chefes sobre meu atraso
Coloco roupa, como se mudam os pneus na formula 1
Vou pegar meu carro que dormiu na casa do meu irmão,
Chego lá, o pessoal ainda está dormindo
Toco campainha, e nada
Várias vezes e nada
Resolvo ligar para casa dela
Mas não tenho o fone
Ligo pro meu pai e peço o número
Ao invés dele me passar logo de cara, ele pergunta o porquê
Tento explicar, ele quer mais detalhes
Mando ele a merda e peço a porra do fone
Ele entende o recado e me passa
Ligo 3 vezes até o pessoal acordar
Mas aí vem a pior parte
Minha cunhada me diz que não tem a chave do portão em que está meu carro
Que meu irmão a levou para o trabalho
E que seria necessário arrombar o portão
Penso bem.
Vejo que se tirar o carro dela, talvez consiga tirar o meu pela metade em que está o dela
Dou a idéia
Ela me passa a chave do carro dela e volta para casa
Tiro carro dela
Vejo que ele está batido na lateral
Faço duas ou 3 manobras e (ufa)
Consigo tirar o meu
Guardo o dela
Sigo para o trabalho
Sem antes passar no posto
O combustível não daria para chegar
Vou ligando pros amigos do serviço
Para saber a quantas andas
E ligando para a cliente e pedindo (já com uns pelo amor de deus antes) que não entre sem minha presença
Detalhe, quando falei com ela a primeira vez disse que demoraria uns 10 min para chegar
Um amigo me informando como estão as coisas no serviço
Estão todos aqui, a postos
Começaram o trabalho
Todo mundo está no serviço
E por aí vai
Quando chego na portaria, vejo que o carro do meu chefe saindo
É realmente estou atrasado
Consigo entrar
Vou ao encontro dos trabalhadores braçais, de passo em passo
Me deparo com um colega que já terminou o trabalho dele
QUE TETA HEIN, diz ele
Subo ao encontro do pessoal
Meio escondido, com cara de quem peidou na missa

Me mexo
Acordo
Ufa
Era sonho

Roteirista

Hoje cedo encontrei com uma amiga no MSN. Ela nunca entra pela manhã. Achei estranho e resolvi puxar conversa:

- Oi sua sem-vergonha - disse eu
- Olá, sua tralha, como está? – respondeu ela
Porém, antes mesmo da minha réplica.
- Você ficou sabendo do acidente do meu irmão?
- Não, o que aconteceu?, respondi com alguma preocupação
- Ele bateu o carro na estrada, vindo para cá.
Meu pensamento já viajou. Batida de carro em rodovia nunca é coisa leve, sempre dá merda.
- Um caminhão estava no sentido contrário, perdeu o controle, invadiu a pista e pegou o carro do meu irmão
Cassete. Agora deu frio na barriga. Conheço as estradas por lá, sei que são em sua maioria em pista que vem e outra que volta.
Ela não escreve mais nada. Eu mando uns dois pedidos de atenção, mas minha cabeça já está imaginando como eu poderia fazer para ir até Uberaba ver meu amigo. Imagino o desespero do pessoal.
- Mas e aí? – pergunto eu.
- Ele está no hospital
Tomo coragem
- Cassete, mas ele está bem, corre risco?
- Não, quebrou o braço e fêmur, este segundo fratura exposta.
Putz, que alívio. Por dois minutos, já estava procurando minha roupa preta, completamente desesperado achando que ele tinha ido dessa para uma melhor (dessa vez usando o ditado no sentido literal).
Mas pensa bem. Não foi exagero meu. Essa minha amiga deveria ser roteirista de cinema. Não era mais fácil ela dizer: Olha meu irmão sofreu um acidente, mas está tudo bem com ele... e depois dar os detalhes do fato ocorrido?
Essas fraturas dele são bem chatas, pelo pouco que sei. Uma grande amiga minha sofre umas num acidente de carro e ainda hoje, meses depois, não está completamente recuperada.
Mas, ao final do papo, eu já estava achando um baita lucro ele só ter quebrado o braço e o fêmur, que é o maior osso do corpo e chato para caramba de voltar ao normal. Culpa da querida amiga e seu jeito de contar as coisas.

29 agosto 2007

Com ele é festa garantida

Conhecido e venerado desde dos tempos de Jesus Cristo, o vinho também é meu grande amigo. Não lembro ao certo quando o conheci, mas sei que há pelo menos uns quatro anos nossa amizade é cada vez mais forte.
Não sou, e nem quero ser, um profundo conhecedor da iguaria. Não sei da safra, não entendo de aroma, desconheço a procedência e os outros detalhes. Mas gosto da presença desse fiel amigo.
Geralmente compro o mais barato. A dona da Adega já até sabe qual é meu preferido, foi ela mesmo quem me indicou e transformou-o em meu fiel escudeiro.
Como não sou de guardar bons segredos, revelei o nome e origem desse vinho a muitos amigos que provaram dele na minha casa. Um deles apaixonou-se também. A ponto de comprar umas garrafas para o dia do casamento.
O tal casório promete. Padre, noiva e noiva confirmados. Padrinhos estarão lá. Muitos amigos também. E ele, meu parceiro o Vinho, também dará o ar de sua graça, e deixando a festa mais doce e alegre.

28 agosto 2007

Indústria da farmácia

Como jornalista bem informado, tenho uma notícia em primeira mão. Inventaram um bom remédio para um dos maiores males da humanidade moderna. Não, amigos, não é uma droga contra câncer, AIDS ou coisa do gênero. A novidade combate um mal bem pior: a saudade.
É bem verdade que não serve para todos os casos. A saudade carnal, por exemplo, não é combatida por esse invento. Mas para os outros tipos dessa universal enfermidade, eu garanto que o remédio funciona.
Pois vamos ao exemplo. Tenho duas pessoas queridas que estão longe, muito longe. Desde que foram dessa para uma melhor (não, eles não morreram, foram apenas para a República melhor) eu uso essa tal droga contra a saudade.
Quase toda noite, me posto em frente ao computador e os vejo como se estivessem aqui, na sala de casa. Conversamos como se estivemos batendo papo e todos participam. Os dois do lado de lá e nós (o numero de gente desse “nós” é variável) daqui.
Olha pode parecer bobagem, mas que o aparelhinho ajuda demais a não termos uma enorme saudade, isso é fato. Como uso Internet sem fio, to pensando em levar meu micro a um restaurante e assim almoçar ao lado deles, como fazíamos todos os sábados.

27 agosto 2007

Ufa

Eu queria ser louco. É verdade. Maluco, mas não desses que andam pela rua, vivendo a margem da sociedade, implorando por ajuda alheia.
Queria ser biruta, para ter coragem de fazer coisas que não tenho. Ser mais desprendido. Deixar de respeitar certas ordens e consensos universais do bom comportamento social.
A primeira coisa que faria, seria confessar que morro de medo altura. Que brinquedos altos de parques de diversões até me divertem, mas é uma luta para que eu não tenha um ataque nervoso.
Minha segunda ação seria só trabalhar de bermuda em dias quentes. Pó, é uma ignorância a gente usar calça em dias de Sol, ainda mais para mim um calorento.
Também não iria mais combinar roupa. Dane-se se a camiseta não é parceira da calça (bermuda no caso), e nem ligo se está última se dá mal com o calçado. Roupa é como música, é um estado de espírito. Uma forma de expressão. Acho um saco usar algo que combine, mas que não comunique o que sou naquele dia.
Estava pensando sobre isso com uma amiga, quando disse à ela:
- Poxa, eu queria ser louco.
E ela respondeu:
- E você não é?

Que alívio

22 agosto 2007

Criança

Criança é negócio espetacular mesmo. Dias desses, depois de bom tempo, meus sobrinhos vieram ficar um tempo aqui conosco. Tenho dois. Uma menina linda de cinco anos e um moleque não é menos gracioso de dois aninhos.
Ela é esperta, carinhosa, inteligente, viva, linda e mais uma cacetada de coisas. Mas quero falar é do menino.
Ainda arranhando as palavras, o sem vergonha mais entende do que fala. Entende tudo que lhe digo, mas a recíproca está longe de ser verdadeira. Compreendo, com heroísmo, uns 37% do que ele tenta me contar.
E o pior de tudo isso é que nos comunicamos muito mesmo assim. Como pode? Ele tenta me dizer. Eu faço um baita esforço para entender. Não consigo. Mas mesmo assim nos entendemos.
Porém uma coisa o rapazinho já sabe. Você acredita que aos dois anos, ele já gosta de futebol. Quando disse a ele que ia embora para jogar uma bolinha com uns amigos, ele foi categórico.
- Nenê (ele no caso) joga bola tio.

Lindo, né?

21 agosto 2007

Cansei

Há algum tempo queria escrever o que acho desse tal movimento Cansei
Para não ser repetitivo, vou citar uma frase e uma charge.
A frase é (quem diria) do Luciano, que ficou famoso por ser imão do Zezé e por parecer o Labanja.

Já a charge é do Angeli, o pai dos Skrotinhos



"Como é que eu vou apoiar um movimento liderado por alguém que promove desfile de cachorros?" , LUCIANO CAMARGO cantor sertanejo.


20 agosto 2007

Só o dono sabe

Tem uma música que o Zeca Pagodinho canta (não sei quem a escreveu) que é muito verdadeira. O verso principal da canção diz “Só o dono da dor, sabe o quanto dói”. Sei bem que a verdade é relativa, como já escrevi, mas esta frase é quase absoluta.
Estava eu cheio de pesares no pensamento, lamentando fatos que acontecem na vida e sobre os quais a gente não tem poder de mudar. Nisso, me vem ao encontro um colega de trabalho.
Sei que ele tem algum tipo de problema com a pequena filha, mas nunca tive a chance de perguntar o que era. Um amigo nosso em comum, tinha me dito que a menina de cerca de três anos tinha algum tipo de câncer.
Foi então que questionei sobre a filha. Ele abriu dizendo que estava como sempre, que era assim mesmo, uma luta diária, sem saber ao certo qual seria o resultado. Mas ele e esposa continuavam na luta.
Perguntou-me se eu tinha filhos. Respondi que adoro crianças, mas que no momento não tenho lá grandes condições para tal, mas que era, sim um grande sonho.
Ao me responder, ele disse.
- Foda cara, é que vimos ela nascer, crescer. Ela chamava papai e mamãe. Eu senti o gostinho de ser pai, sabe. E agora que ela está em coma há sete meses, é bastante duro. A gente sonha que vão encontrar um novo remédio, ou coisa do tipo. Mas é muito doloroso.
Lembra, quando falei que estava eu com meus problemas?? Ah, deixei-os de lado e tentei sentir o que ele passava. Doeu bastante em mim, me imaginar naquela situação.
Mas para esse meu colega e para sua esposa, a dor deve ser bem maior.

19 agosto 2007

Perto do Ócio

Regularidade não é meu forte. Sou mais chegado ao de vez em quando, sabe... sem grande regras. Mas queria escrever todo dia quando pensei nesse blog. Acontece que final de semana não é dia.
Há pelo menos cincos anos, eu trabalho todo final de semana. Sábado e domingo sempre foram dias comuns de trabalho. Entretanto, tenho repensado várias coisas e esse final de semana foi do Sr. Ócio.
Boa atividade, boas conversas e grandes companhias. Vi gente que não encontrava há muito e revi amigos que voltaram a estar mais presentes na minha vida cotidiana. Dei risadas, bati papo e tudo mais que meu médico mandou.
Mas como a vida não nos permite um dia inteiro sem compromisso algum, tive que cumprir a tarefa mais regular da minha vida nos últimos meses. Levei meus cachorros para tomar o banho semanal.
Não tem jeito, não consigo ficar nem um dia sem uma tarefa para cumprir.

17 agosto 2007

Tudo é uma questão de referência

Adorava filosofia quando estava nas cadeiras da faculdade. Quem me dava aula era uma velhinha (mas bem velhinha mesmo) toda terça-feira. Nos primeiro meses, eu quase não entrava assistia aula dela, na verdade não via quase nenhuma.
Passadas, porém, as férias de julho resolvi que deveria finalmente estrear nas aulas para quem sabe, um dia, me formar em comunicação social. Foi aí que comecei a gostar daquela piração.
E umas coisas que mais me chamaram a atenção naquelas manhãs de terça-feira era a reflexão sobre a verdade. Eu nunca tinha pensando que a verdade é variável e que depende bastante de referências, repertório e etc.
Pois dias desses tive um exemplo de como a referência muda uma verdade de forma significativa.
Um amigo recebeu uma nova proposta de trabalho e não estava decidido a aceitar, muitas dúvidas estavam na cabeça do rapaz. Aí ele veio conversar comigo a respeito, queria saber da minha opinião.
Sua principal dúvida era com relação ao salário, que não era muita diferença entre o que ele ganhava e o que viria a receber. A proposta dos interessados era apenas “12 mil” reais maior que o salário que ele recebia.
E o pior, concordei com ele que a proposta não era assim tão tentadora. Mas existia outras vantagens, expliquei eu, que eram mais importantes nesse momento. Era uma empresa maior, maior visibilidade e etc.
No meu lugar só pelos 12 mil eu daria até pirueta. Não precisava ser 12 mil a mais, como era o caso dele. Mas para ele era pouca coisa mesmo. Menos de 30% do que ele recebia e que não mudaria a vida dele.
Minha professora, de quem não lembro o nome, tinha razão.

Crise nas bolsas

Caramba, as bolsas estão em crises. Segundo alguns especialistas foram 209 bilhões de reais que só as empresas brasileiras desde o começo dessa turbulência mundial. E olha que o presidente dos nove dedos disse que o nosso país estava livre do problemas nos mercados globais.
Em contraponto vi uma notícia que também causa grande tumulto às bolsas. Uns muleques têm roubado as pessoas desavisadas em plena luz do dia perto da estação da Praça da Sé, em São Paulo.
Minha conclusão nesse caso é até bastante simples. Quem guardou seu dinheiro na bola em qualquer uma dessas duas situações deve estar morrendo de medo.

16 agosto 2007

R$ 217 mil

R$ 217 mil

O expressivo número acima é (segundo a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo) o valor da pensão alimentícia que Flávio Maluf, o filho do ex-governador Paulo Maluf, paga para a sua ex-mulher, cujo o nome eu me esqueci agora.
Não acho que venha ao caso perguntar de onde esse Flávio tira tanto dinheiro. Nem mesmo lembrar que o pai dele foi acusado de uma cacetada de falcatruas e pilantragens em geral, como desvio de dinheiro público, superfaturamento de obras e etc.
O caso é que ex-mulher é um bicho arretado. Lembrei me agora da ex-mulher do Valdemar da Costa Neto (aquele excelentíssimo deputado que usa o codinome Boy, em Mogi das Cruzes), que separou e foi a público contar todas as negociações “sujas” em que o político estava metido. A encrenca foi tão grande que o “coitado” do Boy pediu renúncia do cargo e teve que ficar durante um bom tempo escondido.
Seria leviano, se eu achasse que nesses 217 mil tem um “cala-boca” para a lépida ex-nora do Malufão. Duvido que se ela soubesse de alguma coisa, realmente comprometedora, iria se contentar com essa miséria mensal, quase uma esmola.
Nessas horas eu penso só uma única coisa: Por que esse viado do Flávio Maluf não casou comigo?? Pô, por 217 milão eu me apaixonaria por ele fácil.

15 agosto 2007

Lugar errado, na hora errada

Lugar errado, na hora errada

Um jornalista sempre sonha em estar na hora certa e no lugar certo. Dar o grande furo, a notícia mais quente do dia, antes de todos os concorrentes. Tem profissional que é até pirado nisso. Porém hoje me deparei com uma repórter que estava antes de todos na grande notícia. E ela detestou isso.
Minha amiga foi a primeira pessoa a chegar no prédio da Tam Express, minutos (instantes na verdade) após o enorme avião descontrolado e cheio de gente bater naquele pedaço de concreto matando 199 pessoas.
Minha amiga estava ali por acaso. Tinha ido no aeroporto fazer uma passagem (aquela parte da reportagem de Tv quando o reporter aparece falando) de uma matéria que nem era dela.
De repente, ela ouve um barulho enorme a menos de cem metros de onde estava. Olha pro lado e vê que a MERDA era grande. Um avião da Tam (sempre a Tam) bateu de frente a um prédio, que por ironia era também da companhia do finado comandante Rolim.
Em reação imediata e com as pernas tremendo ela e a equipe foram correndo ver o que era. Porém, ao contrário do que manda o manual do jornalista, ela não queria gravar, entrevistar ou coisa e tal. Pensava apenas em ver se alguém precisava de ajuda.
Ao chegar no prédio, a visão do horror. Um fogo alto, barulho e vidros estourando a todo momento. Pessoas estão nas fachadas do prédio querendo pular de uma altura de cerca de três andares.
É impossível chegar mais perto, o fogo e os vidros voando pelo alto impedem qualquer reação. Minha amiga só tenta passar tranqüilidade as pessoas que estavam querendo pular do prédio e fugir daquela bola de fogo.
A partir de então cenas ainda piores que não devem e nem merecem ser contadas se seguiram, até que o corpo de bombeiros chegasse ao local e conseguisse acabar com as chamas do prédio.
Conheço muito jornalista que adoraria estar na pele da minha amiga e que teria tirado grande proveito da situação. Entretanto, a frase dela disse exatamente o que eu penso:
“Estava no lugar errado, na hora errada”...

14 agosto 2007


Nasceu o Faz quarqué coisa aí

A autoria da frase que dá nome a esse blog é criação de um grande amigo. Ele só usa essa expressão quando a coisa está feia. Quando não existe mais solução, o sábio diz “Faz quarqué coisa aí”. É uma forma brasileira, caipira e bonita de dizer: FUDEU.
E isso que acho que vai ser essa página pelo tempo em que existir. Escreverei aqui as “quarqué coisa da vida” tendo ou não leitores, existindo ou não assunto.
Sempre que a coisa apertar, o “Faz quarqué coisa aí”, entrará no campo de batalha. Armado até os dentes dos meus pensamentos e minhas idéias malucas.

É mais ou menos por aí