09 outubro 2007

... as estrelas já estavam comigo

Essse texto não é meu, mas é lindo


O convite para entrar no carro preto, de vidros pretos, parado no estacionamento. Estava tudo combinado. Eu sabia exatamente aonde e com quem ia, mas não o que me esperava. O samba? Bem, não tinha mais samba. Havia, sim, uma mesa e excelente companhia. Em curto espaço de tempo, já tínhamos falado de tanto que de pouco consigo me lembrar.

Mágico! O quintal da casa ia fechar e, antes que fôssemos os últimos a sair, deixamos o lugar. Para onde? A pé, a esmo. Eu conhecia o quarteirão, mas não me importei com a escolha do caminho. Queria ser levada. Tinha fome! Comemos. Pensando bem, acho que as pizzas demoraram para chegar à mesa. Juro que não contei o tempo. Convenhamos: nem o senti passar. Agora, a gente sabe que pode pedir uma só da próxima vez.

Rimos muito, sorri muito. E tinha mais! Daí em diante, já não reconheço os pormenores. Recordo-me apenas de uma névoa clara, forte e aconchegante, mistura de laranja com mel, agridoce. Não existia antes, não existia depois – e ainda não há. Sei do calor, sei do carinho, sei dos meus olhos fechados... talvez imaginando tudo isso só para que pudesse descrever agora.

Confesso que não observei o céu (... as estrelas já estavam comigo).

Acho que, nisto, reside a maluquice da vida: quando algo que foi sempre possível, mas nunca palpável nem previsto, acontece. É o inesperado. São as "primeiras vezes", experimentadas com mais freqüência por quem anda por aí docemente alerta, olhando um pouco para o chão e outro tanto para o céu, em busca das tais estrelas que não hesitam em cair nos nossos braços, quando abertos a tempo.