13 junho 2011

Amor que eu imaginei nunca ser possível

Que amor é esse? Não foi a primeira vez. Me segurei para conter o choro hoje. Evitei passar pelo papel comum, mas está cada vez mais difícil.
Primeiro você surge linda. Com a mão na frente do rosto, como se estivesse com vergonha de mim. Ou, só para judiar, tentando manter-se escondida até o dia do encontro natural.
Vi a metade, talez um quarto do seu rosto. Todo em tom marrom, meio ofuscado.
Icrível como és do jeito que eu imaginei, como tens os traços que os sonhos me contaram esse tempo todo.
Precavido fui conhecer o local onde vamos nos encontrar. Tudo lá me fazia lembrar de ti. A frase fez todo o sentido hoje. Senti saudade até do que não vivi.
Estou aqui. Te espero e conto os dias para te ver de novo, mesmo sem nunca ter te olhado antes. E já te amo de um jeito que nunca imaginei ser possível amar alguém.

15 março 2010

Hora de voltar ao Paraguai

Sei lá quantos anos depois, amanhã é dia de voltar ao Paraguai. Tenho dúvidas se usei o verbo mais adequado dado o enorme espaço entre minha última ida ao país vizinho, reino dos produtos mais baratos.
O que a memória me permite lembrar, e lá se vão pelo menos quinze anos, o ônibus vinha de Mogi das Cruzes, no Alto Tiête, já cheio de gente. Meus pais, eu e mais uma boa dose de amigos os aguardávamos já com os lugares reservados.
Era sempre noite de sexta-feira quando nosso vôo rasteiro deixava para trás a amada Guarulhos e colocava o prumo para o Sul. Umas 12 horas (às vezes 15) de estrada separavam a capital financeira do Brasil da cidade dos preços baixos.
Não existiam tantas opções em aparelhos eletrônicos. A moda eram os carrinhos de ferro, as canetas de todos os tipos. Os Mega-Drive (com os dizeres da caixa escritos em japonês) e coisas do tipo.
Professores de amor e ofício, meus pais não viviam disso. Mas é fato que as viagens até o Paraguai ajudavam a completar a renda e facilitavam a criação de quatro filhos. Razão pela qual as sacolas voltavam sempre repletas de novidades para os vizinhos.
Passou-se o tempo. Meus pais, graças ao bom Deus, não precisam mais sustentar os filhos. Foram todos bem criados, formados e entregues ao mundo. A distância segue a mesma, mas o meio de transporte cumpre a tarefa com muito mais agilidade.
Quando entrar no Paraguai, vou agradecer ao país por ter de alguma forma ajudado na minha formação.

29 dezembro 2009

Férias



Quando o avião pousou em Vitória, achei que o caminho estava pelo menos na metade. A uma hora e pouco que levamos entre Guarulhos e a capital capixaba me dava sinais de que a viagem seria curta e rápida.
Ledo engano.

No táxi, o motorista dizia que de Vitória à Conceição da Barra eu gastaria mais cinco horas e pouco de viagem. Achei se tratar de uma enorme bobagem dele, já que a distância entre as duas cidades não chega na casa dos 300 km.
Enquanto o carro branco fazia o trajeto aeroporto-rodoviária, achei por bem dar uma olhada na Internet para consultar horários da passagem entre as duas cidades do Espírito Santo.

Segunda má notícia. A companhia Águia Branca, a única que faz o trecho, só tinha passagem as quatro e meia, e ainda nem passávamos do meio dia.
As coisas não andavam boas. Logo na chegada ao terminal de ônibus, apenas uma empresa tinha uma fila enorme: a minha. A tal da águia branca tinha pelo menos umas 30 pessoas na espera e atendia com dois funcionários.

Hora da Internet novamente. Ainda na fila, acessei o site da empresa. Os 15 lugares restantes para o único coletivo do dia, agora eram seis. Ainda na fila, me pus a comprar o bilhete pele rede.

Sem perder meu lugar na espera física, é claro.

Verdade que o atendimento na web é rápido. Mas como sempre tem um cadastro a ser feito, uns dados a preencher..

Ganhei no máximo duas casas na fila e as duas passagens virtuais já estavam compradas. Era só esperar por um email de confirmação e ...

Seis passagens restantes não permitem esperar pelo tal email.

Ligo na companhia, mais dois, três minutos na espera. (Ainda no final da fila, que realmente não andava). A simpática menina confirma que os assentos 1 e 2 estão no nome de Guilherme Prado.

Ufa.

Pena que o relógio não colaborou; e os ponteiros estão ainda longes das 16h30, escritas nos meus bilhetes de embarque.
Café, banheiro, revistaria, leitura, Internet... de tudo um pouco. As mais de horas passaram.

No meu lugar, logo atrás do comandante, vejo entrar todo tipo de gente a uma péssima notícia: o cara do táxi tinha razão. O motorista se apresenta e diz a todos os passageiros que o trecho será cumprida em cinco horas e meia.

Como a distância é inferior a 300 km, eu que sou bastante modesto em ciências exatas, chego a conclusão que meu destemido capitão irá cruzar as estradas capixabas com média inferior a 60 km/hora.

Na verdade não é assim. O ônibus é bem mais confortável e espaçoso que o avião da Gol que peguei no começo do dia. Mas ele para tanto durante o trajeto que me lembra a via-crúcis.

Um punhado de cidade que nunca ouvi e mais um monte que não lembro o nome...
Pouquinho para frente das dez da noite, chegamos a rodoviária. Só nós dois. Todo o resto foi descendo pelo caminho, seja na própria Conceição ou nas infinitas paradas que o coletivo fez durante o dia.

A rodoviária é bem simples e está simpaticamente fechada. Pior, eu ainda tenho que cortar mais quase 30 km, a maioria de terra, para chegar ao destino final. E olhei que pensei em chegar lá às seis da tarde.

Não, não tem ônibus àquela hora. O ponto de táxi da cidade está vazio e apagado. Mas tem um número de telefone. Ligo, é claro, o número fixo toca ao meu lado.

Uma farmácia está aberta, bem a frente. Não, não vou comprar um dormonide e passar a noite na rua. Nem a pau.

Peço o fone de um taxista. Solicito demais, Tião da Farmácia me diz que é comum os motoristas fazerem o trajeto que preciso. E me dá o número de um, são oito os profissionais que atende a cidade toda.

Dede, não atende. Ligo de novo. Passa para caixa-postal direto. Parece que a coisa vai piorar.

A boa notícia.

Aparece o carro do Dede, com outro cara. O bravo motorista é separado e foi ficar com a filha, deixou o carro com o amigo para fazer o serviço.

Setenta reais a menos no bolso, parto finalmente ao vilarejo.

A estrada é boa. A falta do asfalto é opção dos nativos. Querem manter a reserva e a vila longe das modernidades e do excesso de turista. Quarenta e poucos minutos, chego finalmente em Itaúnas.

Hora de curtir minha semana de férias.