28 setembro 2007

Para que serve um parafuso?

Ontem a noite, segundo as agências de notícias, uma roda soltou-se de um pneu de um ônibus na Zona Sul de São Paulo e feriu uma mulher que estava a cerca de trinta metros do local. Na de grave aconteceu. Parece que só uma luxação.
No entanto, informam as mesmas fontes, essa foi a terceira vez que isso aconteceu em menos de um mês e sempre com ônibus da mesma empresa de transporte. Sendo que em uma das vezes, o pneu liberto matou um rapaz.
No extremo da Zona Norte, um cara que estava em regime semi-aberto na cadeia psiquiátrica de Franco da Rocha matou dois irmãos. O assassino disse ter cometido o crime por que “deu bobeira”.
Quem disse que parafuso não salva vida. A falta deles na roda do ônibus matou um e feriu mais gente.
A ausência dos mesmos parafusos na cabeça de um louco matou dois.

24 setembro 2007

Conversa fiada

Além de jogar bola, meu hobby sempre foi bater papo. Nada de vontades exóticas, coleções ou coisas do gênero. Conversar sempre foi meu passatempo predileto. Gosto de falar e de ouvir. Conversar besteira (na maioria das vezes) e tocar em assuntos sérios (isso é mais raro).
Acontece que por opção, resolvi ficar mais tempo sozinho nos últimos dias. Nada de grandes conversas ou papos descontraídos. Achava eu que era tempo de olhar para mim, de pensar em mim.
Acho que não vai dar certo.
Passado algum tempo, vejo que a intimidade e troca de experiência com pessoas queridas me fortalecem. Mais que um passatempo, a conversa é algo essencial na minha vida. É como comer, dormir e etc.
Longe da minha maior confidente, sinto falta das conversas e dos nossos delírios. Sonhar é uma dádiva. Uma terapia e um dom. Ter alguém que compartilhe isso é quase um sonho.

22 setembro 2007

Modernidade

A modernidade é algo implacável. É impossível ficarmos a margem dela, pelo menos em grandes cidades. O problema disso é que o resultado (principalmente no Brasil onde nada é planejado) vem de forma atropelada e acaba por vezes matando parte da nossa essência.
Uma das principais vítimas do crescimento e da modernidade são os campos de futebol. Sabe aquele pedacinho de terra, que era quase um terreno sem dono e que o pessoal se juntava para jogar bola?
Morreu.
Aqui perto de casa tinha um. Numa esquina. Alguém assinou e transformou nosso campinho em umas três ou quatro casas. Vendeu. Fez dinheiro.
O segundo mais próximo tinha o nome de Beira-Rio, por razões óbvias. Tínhamos um time lá. Treinávamos uma vez por semana pelo menos.
Esse foi repartido em dois, e vendido também.
Vieram então as quadras de grama artificial. O lazer pago, sinal claro da modernidade. Não tinha mais campo sem dono. A diversão agora dependia de cinco reais de cada jogador por dia.
Porém no mundo em que o rendimento é medido por metro quadrado, os homens de negócio começaram a ver que nesse aspecto o futebol pago não dá grande retorno se comparado com outros investimentos.
Nesses dias, duas quadras desse novo modelo foram fechadas aqui perto de casa.
Não, elas não viviam vazias. Muito pelo contrário. Crianças de uma escolinha durante a manhã e à tarde. Á noite, grupos de amigos. Tudo pago.
O problema é que o terreno é grande. Bem localizado. Vão fazer um prédio. Bem mais lucrativo para o dono espaço.
E bem mais chato para nós.

21 setembro 2007

Para Mário Bala

Foi embora cedo. Tinha só 25 anos. Só soube um dia depois, nem pude me despedir. Deixo aqui meu abraço e a lembrança de um cara boa praça, batalhador, palmeirense e cheio de vida.
Dormiu. Não acordou. Parece até ser mentira. Preferia que fosse mesmo.
Como a vida as vezes é chata....
Marião, deixo registrado minhas saudades e minha incompreensão.
Que Deus cuide de você, conforte sua família e guarde sua memória entre os amigos.

19 setembro 2007

Minha felicidade

Alguns dizem que personalidade é genética, outros apostam que é fruto daquilo que vivenciamos durante os anos. Eu acredito nos dois. Somos formados pelas informações que estão a nossa volta. Pelo repertório que a vida nos dá e pelo que buscamos também.
Por isso cada ser em si é único. Porque juntar nossa carga genética ao repertório vivido exclusivamente por cada ser, faz com que não tenhamos versões iguais a nós mesmos.
Sou parte do pai. Um pedaço da minha mãe. Uns outros tecos dos meus três irmãos. Trago muito do que meu avô paterno pensava, mesmo tendo vivido apenas oito anos com ele. Carrego ainda herança dos meus tios e principalmente dos meus padrinhos.
Junta-se a isso pessoas que conheci durante minha vida. Amigos, colegas, professores, treinadores, adversários e até inimigos. Musicas, livros, histórias, piadas e causos.
Gosto de pessoas que me encantem. Pela força de vontade, ou pelo bom humor. Pode ser também através da bondade e do dom de perdoar. Outros me fascinam com amor à família ou bom relacionamento com as pessoas mais diferentes.
De tudo que vi o que mais me conduz é saber que fazer o bem aos que amo é essencial. Criado com três irmãos e milhões de primos, sempre soube que ajudar os que amo me deixa feliz demais.
Engraçado, mas fazer as coisas só para mim não tem o mesmo efeito.






"Você é riacho e acho que teu rio corre pra longe do meu mar...

mar marvado seria o rio

que correndo do meu riacho... levaria o que acho

pra onde ninguém pode achar..."

17 setembro 2007

É de manhã

Engraçado. Nos reencontramos (via orkut) há uns três anos. Marcamos de nos ver por pelo menos duas, mas nenhuma das vezes o encontro deu certo. Combinamos a semana passada. Furou de novo.
No entanto com a manhã livre, fiz obrigações bancárias e outras de um gênero parecido e resolvi tomar café da manhã na rua.
Pedi o de sempre, misto quente e suco de laranja.
Com a bebida na mão e a espera do lanche, olho para a entrada da lanchonete e minha amiga (essa que citei no começo do texto entra). Quando ela me vê, a reação não podia ser outra: risos.
Poxa, há três anos tentando marcar o encontro, e ele acontece assim. Sem hora, sem dia, e graças a planos repentinos.
Assim como eu, ela não planejou ir lá. Também não tem hora certa para entrar no serviço e resolveu por provas daquelas maravilhas antes de enfrentar uma segunda-feira cinzenta, carrancuda e feia.
A última vez que nos vimos faz tanto tempo, que achamos melhor não contar quantos anos são. Dessa forma escondemos nossa idade.
Mas mesmo assim, nossa conversa voa. Livre, passa por assuntos do passado, da pré-história. Chega ao presente e projeta um futuro.
Dizem que certos sentimentos não acabam.
Nossa amizade é assim.

14 setembro 2007

Coitado do Jacaré

Contar histórias é uma arte. Um dom como pintura, canto e outros. Uma qualidade que nasce com as pessoas. E que pode ser aprimorada com passar dos anos, com a experiência da vida.
Nascido sob o domínio dos contadores de histórias, eu não sei ao certo quantos anos ele tem. Parece ter vários. Os cabelos brancos e anos de estrada evidenciam já ter passado seis décadas, pelo menos.
Como o vinho, ele fica melhor a cada dia. Assim como a cachaça, ele é cara de um país distante. Caipira, sim. Como somos todos nós, ou pelo menos nossa essência. Com sua voz rouca, conta causos de uma história que deixamos para trás.
As histórias do nosso folclore precisam ser contadas. Nada de Dia das Bruxas, Abóboras, Lendas Urbanas ou coisa do gênero.
Cresci com medo da Cuca, apaixonado pela Narizinho. Sonhando em ser Pedrinho. Com desejo de comer os doces da vovó e morrendo de vontade de brincar no sítio.
E isso que faz meu amigo. Conta histórias da nossa gente. Histórias que escreveram nossa história, que educaram nossa gente.
Nada contra Harry Potter, mas meu bruxo era um jacaré.

13 setembro 2007

Eu também fui absolvido

Até pensei em escrever para xingar os políticos e dizer que nosso país não tem mais jeito, mas acabei por lembrar que eu também já fui absolvido injustamente.
Era Primeiro de Ano. Tradicional festa da minha família enquanto seo Joca foi vivo. Coisa para mais de 100 pessoas, que passavam o dia ao sabor de churrasco, saladas, arroz. A sobremesa eram as jabuticabas que pegávamos no último pé do pomar.
Para o lazer tinha sinuca, jogada no andar de cima e sempre em confronto de duplas. No andar de baixo, bingo e amigo secreto. Para as crianças jogo e competições.
E foi justamente aí que me livrei de uma pena dura.
Era uma prova de corrida. Saímos da entrada do pomar e íamos até o portão da frente. Batíamos a mão e fazíamos o sentido contrário. Quem chegar primeiro, ganha.
Eu estava na frente na bateria dos meninos com mais ou menos a minha idade. Tinha tudo para ganhar, até que um primo veio mais veloz que o pensamento. Faltavam poucos metros para a linha de chegada. Mas o menino era rápido demais. Percebi que não conseguiria vencer e fiz um golpe sujo.
Abri os braços, como se fosse comemorar a vitória. Sorrateiramente, acertei a barriga do meu oponente que nada pode fazer, caiu. Retorcia-se de dores.
Venci, sob os olhares ferozes dos pais do meu pequeno primo. Os dois vieram de dedo em riste me acusar de fraudar as regras. Fiz como Renan Calheiros. Mas no lugar de notas ficais frias, disse que não o vi e que só abri os braços para comemorar a vitória.
Meus outros primos e tios concordaram comigo e me absolveram num placar bem menos apertado que 35 x 40 de ontem. Em seção aberta, eles livraram um pequeno criminoso.
E nem precisei de abstenção do Mercadante e nem dá boca de urna da Ideli...

11 setembro 2007

O Pacto, Parte 2

Leia o Texto anterior

Ainda faltava um integrante para que o Pacto ficasse completo. Assim como os meus, os fios do rapaz não clarearam o suficiente para ser chamado de loiro. Entretanto aquela cor era bem mais suave do que um castanho claro. Um tom sem definição, mas muito feio.
O medo de que a maldição nos pegasse, fez com ele enfim cumprisse o pacto. Passados mais de 3650 dias, ele tentou algo mais forte. Mais incisivo do que potes de água oxigenada comprados em farmácia.
Recorreu então aos serviços de um profissional.
Segundo este feiticeiro das tinturas capilares e mestre na arte de descolorir fios resistentes, a saída mais “up” seriam umas luzes. Um tipo de tratamento que só deixam loiros alguns fios, conservando a maioria na cor original.
Meu amigo sentiu medo de ser vaiado ou ficar com cara de viado.
Porém, o dia marcado para que a terrível maldição caísse sobre nossas cabeças se aproximava.
Por um momento ele pensou em não pintar os cabelos e esperar pelo pior. Afinal ele não tem filhos e nunca a vida lhe deu uma dona.
Mas foi lá. Respirou fundo e deixou que o arco-íris tomasse conta.
O resultado foi espantoso. Meu amigo, que já não era bonito, ficara horrível. Ridículo para ser mais exato.
Ao entrar no carro, queria fugir. Sumir, desaparecer.
Pegou algumas moedas, estendeu a mão e entregou ao flanelinha.
Na sabedoria das ruas e talvez abençoado pelos deuses, foi o rapaz que olhava carro quem nos salvou da maldição.

- Valeu alemão. Bom final de semana para você.

10 setembro 2007

A LENDA DO PACTO DA ÁGUA OXIGENDA

Sabe aquela história de pacto de sangue?
Há mais de uma década, eu e um grupo de amigos resolvemos fazer um. Como éramos pouco corajosos, deixamos as facas de lado e optamos por algo mais suave, menos perigoso: água oxigenada.
Foram três aplicações em cada um dos quatro amigos. Dois integrantes conseguiram o resultado esperado rapidamente: Lindos (na verdade não tão belos assim) cabelos loiros, como os da Xuxa, que já fazia sucesso naquele tempo.
Eu e mais um companheiro inseparável não tivemos a mesma sorte. Nosso cabelo era mais escuro. E a água oxigenada deixou nossas madeixas cor de laranja. Era algo parecido com a tonalidade Abóbora, sei lá.
Eu queria tornar-me loiro e virei um ruivo escuro, ou algo de gênero. Certamente não existe uma pessoa no mundo com o cabelo tão feio que me sirva de exemplo para elucidar o fato.
Porém minha realização veio no dia seguinte.
Disputávamos um campeonato de Futsal. O jogo estava duríssimo. Empatado em 3 a 3. Pênalti para nós. Faltavam segundos para o jogo acabar.
Me candidato a fazer a cobrança, afinal sempre gostei de sair como herói. E olha que boa parte das vezes eu fui o contrário.
Pego a bola e vou à marca penal. Um adversário vem me intimidar. Olha nos meus olhos, com cara de mal e diz:

- Você vai errar ALEMÃO

Mal sabia ele que essa frase tirou toda pressão das minhas costas. Podia errar a cobrança. Sabia que dali em diante minha parte no PACTO DA ÁGUA OXIGENDA estava cumprida.

Eu também era um ALEMÃO.

08 setembro 2007

Epílogo

Muita mais simpático pela grande quantidade de cerveja, ele me fez ficar uma hora no bar conversando.
Entre papos que começavam e não terminavam, cantou uma música que nunca tinha ouvido. Batucando na mesa do boteco, com um sorriso no rosto e acompanhado de um dos seus cunhados (este também alterado pela marvada) o samba que saiu foi esse

Quero viver como um passarinho
Cantar, voar sem direção
Quando quiser construir meu ninho
Hei de encontrar um coração
Por enquanto eu quero viver
Com toda liberdade
Cantando aqui, pousando ali
Esta é a minha vontade
Não, eu não quero prisão
Para o meu coração
Eu não quero
Será bem triste o meu fim
Se eu não conseguir
Ter a minha vida assim

Acho que vou jogar no bicho,tem passarinho?

06 setembro 2007

Homenagem ao canário

Velho Pava se foi. Será que terei que mudar o nome do meu passarinho?
Temos costume de criar canarinhos e periquitos em casa. Entre os da primeira raça, aqueles que mais cantam ganham o singelo nome de Pavaroti.
Foram tantos os pássaros com este nome, quem não posso fazer uma lista (ainda bem) de quantos existiram. O mais famoso daqui também se foi. Mas teve uma morte bem mais trágica que a do tenor italiano.
Pavaroti 1º (o canário) foi assinado. Por uma revista mal jogada na garagem. Ele ficava lá, pendurado no teto e cantando. Aí num sábado a noite, o entregador, errou a mão e acertou o coitado.
Pumba!!!!!!!! a gaiola caiu e o Pava 1º foi-se
Nem sei quantos tivemos antes e depois desse
O atual também tem o mesmo nome. E canta, mas canta tanto que as vezes agradeço ao entregador de revista
O engraçado é pensar que o Pavaroti (o cantor) era um cara erudito, e esse tipo de gente detesta ser popular. Boa parte dos habitantes do mundo da ópera é purista e esnobe. Mas ele não era
Pavarotti (o cantor) fez sucesso em parceria com cantores populares. Cantou em abertura de Copa do Mundo junto com outros dois tenores e levou a música clássica para o mundo inteiro, cantando até Aquarela do Brasil.

Foi tão popular que até meus passarinhos levaram seu nome

05 setembro 2007

Oito décadas de experiência

Devemos sempre aprender com mais velhos e ela sem dúvida tem muito que ensinar. Passadas mais de oito décadas de vida, os sinais do tempo são cada vez mais presentes. Entre vários fatores, chama atenção a dor na perna que atrapalha (mas não impede) o movimento.
Porém, o que mais tem incomodado ultimamente é a falta de memória. A cabeça que sempre funcionou muito bem, hoje confunde quase tudo. Pessoas, lugares, vontades e gostos..... tudo ficou embaralhado.
Os herdeiros sofrem com tudo. A cada esquecimento, cada falha de memória parece fazer um corte na alma dos mais novos. A troca de nome de um dos filhos ou netos. A confusão sobre a casa onde mora... tudo isso parece ferir aos outros.
Mas à ela não.
Confundiu-se, ela dá risada.
Esqueceu, atrapalhou, enganou-se... assim que ela percebe, ri... e ri bastante da situação.
Enquanto os outros choram e se desesperam com a situação. Ela vê graça. Aceita bem as limitações que idade lhe impõe. Luta contra. Faz tratamento, mas sabe que é complicado vencer essa luta.
Não há remédio para seu mal. E ela sabe. Talvez por causa disso, o segredo não seja prolongar a vida, e sim viver bem enquanto tiver vida.

Cada riso dela parece nos ensinar.

04 setembro 2007

3 = 0

Manhã livre. Depois de dois dias puxados, resolvo aproveitar o tempo disponível para fazer uma caminhada. Diferente dos dias anteriores, dessa vez não vou correr. Quero andar e aproveitar o Sol forte.
Queria passar pelo menos uma hora, com o calor na cabeça e a mente livre. Andar e aproveitar para colocar os pensamentos em ordem, tarefa complicada nesses tempos de mudanças profissionais e pessoais.
Ao entrar no parque, uma menina me chama atenção. Caminha no sentido oposto ao meu. Está a menos de 30 metros. Lembro que a conheço, não me recordo de onde. Pronto. Já sei.
Ela passa, olha para o outro lado e finge não me ver.
A pista de caminhada é um círculo. Quando a encontrar na próxima volta, tomarei eu a iniciativa de dar oi, perguntar como está, saber dos amigos em comum entre outras coisas.
Dou mais duas voltas e não a encontro mais.
No almoço, vou ao restaurante.
Logo de cara, encontro com ELA. Não, não a menina do parque. Uma outra. Mas essa é bem mais especial. Tivemos um romance há algum tempo, coisa de 13 anos, eu acho.
Ela está bonita como sempre.
Penso em dizer oi. Acho melhor não. Vai que ela não lembra de mim. Insisto em olhar para ela, que nem se quer me nota.
Tudo bem, esqueço.
Entro, me sirvo, como. Hora de pagar e ir embora.
Quando vou ao caixa, ELA está de novo lá. Ficamos a menos de 20 centímetros e nada. Impossível ela não lembrar, assim como seria para mim também. Mas não conseguimos nem nos cumprimentar e olha estivemos lado a lado por duas vezes.
Saio do restaurante. Hora de pegar no trabalho, mas antes me deparo com outro rapaz bem conhecido.
Jogou bola e andou de skate comigo. Amigo de infância.
Agora ele é gari, está limpando a rua.
Olho para ele, quem sabe esse eu consiga dar pelo menos um olá. Nada. Ao me ver, abaixa a cabeça e desce a ladeira.

Três conhecidos. Amigos ou não. Um cada de lugar. Com tipo de relacionamento e lembranças diferentes. E nenhum Oi.

O mundo fica chato, as vezes.

03 setembro 2007

Patavinha

Semana passada foi publicada pela revista Forbes, uma lista com 50 mulheres mais poderosas do mundo. A vencedora da honraria foi a premiê alemã Angela Merkel, que ultrapassou, entre outras, a secretária de estado dos EUA Condoleezza Rice.
Sabe o que muda com a lista publicada pela Forbes?
Nada. Patavinha. Pelo menos para mim.
Não sei de onde surgiu esse tesão que se tem por lista. Tudo hoje em dia tem que estar no ranking dos melhores. As Maravilhas do Mundo. Os Melhores Restaurantes. Os mais ricos do Universo. Os mais bem pagos do cinema, esporte, televisão.
Talvez eu seja burro demais, mas não consigo comparar certas coisas.
Por exemplo, eu posso fazer uma lista dos meus 10 melhores amigos. Nunca contei para saber quantos são. E nem tão pouco posso dizer qual deles está na frente no meu ranking dos prediletos. São todos amigos e ponto.
Não sei qual a minha comida preferida. Sei quais as que gosto, mas se me derem Purê de Batata todo dia, ele vai cair na minha cotação.
Não sei qual foi o dia mais feliz da minha vida. Não sei qual meu irmão ou sobrinho preferido. Não tenho certeza de qual foi minha melhor viagem, nem minha melhor atuação em partida de buraco.
Não sei qual foi os beijos e olha que nem foi um grande beijoqueiro. Lembro dos grandes abraços, mas não posso dizer qual deles foi o mais gostoso. Seria uma grande injustiça que faria com todos os outros.
O filósofo tinha razão quando disse: Tudo que sei é que nada sei.
No meu caso, sei pouca coisa. E essas eu guardo só para mim.