05 setembro 2007

Oito décadas de experiência

Devemos sempre aprender com mais velhos e ela sem dúvida tem muito que ensinar. Passadas mais de oito décadas de vida, os sinais do tempo são cada vez mais presentes. Entre vários fatores, chama atenção a dor na perna que atrapalha (mas não impede) o movimento.
Porém, o que mais tem incomodado ultimamente é a falta de memória. A cabeça que sempre funcionou muito bem, hoje confunde quase tudo. Pessoas, lugares, vontades e gostos..... tudo ficou embaralhado.
Os herdeiros sofrem com tudo. A cada esquecimento, cada falha de memória parece fazer um corte na alma dos mais novos. A troca de nome de um dos filhos ou netos. A confusão sobre a casa onde mora... tudo isso parece ferir aos outros.
Mas à ela não.
Confundiu-se, ela dá risada.
Esqueceu, atrapalhou, enganou-se... assim que ela percebe, ri... e ri bastante da situação.
Enquanto os outros choram e se desesperam com a situação. Ela vê graça. Aceita bem as limitações que idade lhe impõe. Luta contra. Faz tratamento, mas sabe que é complicado vencer essa luta.
Não há remédio para seu mal. E ela sabe. Talvez por causa disso, o segredo não seja prolongar a vida, e sim viver bem enquanto tiver vida.

Cada riso dela parece nos ensinar.

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