23 fevereiro 2008

Menino não tem medo

Tem coisas que fazem parte do nosso dia a dia e nem sempre nos damos conta. A importância de cada fato depende muito de como nós lhe damos com ele. Vou dar um exemplo para deixa mais claro.
Desde de pequeno, trato macumba com uma coisa coditiana, normal. Não tenho medo, pânico ou coisa parecida em relação à essas coisas.
Quando tinha por volta dos meus oito anos, eu costuma andar de carrinho de rolimã em uma rua paralela à minha. Descida e asfaltada, ela tinha naquela época tudo que era necessário para a prática dessa espécie de Formula 1 infantil.
A ladeira tinha duas travessas. E na esquina da primeira, bem ao lado de um poste, era comum, quase que um regra, alguém fazer “trabalho”. Pipoca, frango, e uma garrafa de bebida faziam parte da minha vida. Toda tarde, depois da aula, a tal da macumba estava lá, na espera por mim.
Acontece que, sem nenhum juizo, eu e meus amigos tratávamos aquilo tudo com um deslecho que a idade exige. Já era tão natural, que não tinhámos medo daquela encrenca toda. Estava lá todo dia. Nós, os carrinhos, a descida e a macumba.
Ficamos tão íntimos que passamos a nos aproveitar da situação. Sempre que tinha coisa nova e atraente, a gente usufruia do fato. Um gole de tubaina, um pouco de pipoca e um chute na vela passou a ser quase um ritual.
Os menos corajosos diziam que nós seríamos castigados. Os mais, diziam que erámos loucos. E nós, os malucos, duvidamos que paguemos a conta.
Tenho certeza de que meu futuro não mudaria, tivesse eu respeitado aquele trem. A tal da macumba gostou tanto de mim, que foi me encontrar anos depois.... mas isso é outra história.

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